Pode parecer estranho cogitar a possibilitada da construção de estradas na Lua, mas elas ajudariam na exploração, a começar pelo pouso no local. Além das condições desfavoráveis do ambiente, entre elas a falta de gravidade, a região é coberta por uma poeira abrasiva, que desgasta trajes espaciais e danifica os aparelhos científicos. Composta por areia, argila, minerais e outros componentes, ela é denominada de regolito e já atrapalhou algumas missões espaciais. Lidar com a poeira virou uma questão importante e uma das saídas seria a construção de estradas.
Estudo publicado na Scientific Reports, revista considerada referência no setor, na última quinta-feira (12), comprova que é possível transformar a poeira lunar em material robusto, que pode ser usado para a construção de caminhos. Os autores experimentaram feixes de laser de diferentes intensidades e tamanhos (até 12 quilowatts e 100 milímetros de diâmetro, respectivamente) para derreter o regolito e então criar um material robusto.
Embora tenham estabelecido que o cruzamento ou a sobreposição do caminho do feixe de laser causava rachaduras, desenvolveram outra estratégia, com feixes de laser de 45 milímetros de diâmetro para produzir formas geométricas triangulares e de centro oco com aproximadamente 250 milímetros de tamanho. A ideia é interligar esses pedaços e então criar uma superfície sólida em grandes áreas de solo lunar, que poderiam servir de pistas de pouso.
“É preciso usar o que tem lá, que é simplesmente poeira solta”, explicou Jens Günster, um dos pesquisadores do estudo. A equipe estima que o método poderia ser usado para criar uma plataforma de pouso em 115 dias, que teria até 100 metros quadrados e dois centímetros de espessura. Para isso seria necessário levar uma lente de quase 2,3 metros quadrados, que serviria para concentrar a luz solar no lugar do laser. O empecilho para reproduzir a experiência no espaço está no ato custo do transporte de ferramentas grandes como essa lente.