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Comércio global de alimentos agrava desigualdade no acesso à água, alerta ONU

Exportações agrícolas transferem recursos hídricos de regiões vulneráveis para países ricos, ampliando os impactos sociais e ambientais da escassez

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 ago 2025, 12h00

O comércio internacional de alimentos movimenta mais do que grãos, frutas e vegetais: junto com eles, a água usada para produzi-los também cruza fronteiras, em um processo conhecido como “água virtual”. Essa transferência invisível está redesenhando a distribuição global dos recursos hídricos e, segundo um novo relatório do Instituto da Universidade das Nações Unidas para Água, Meio Ambiente e Saúde (UNU-INWEH), os efeitos são tão desiguais quanto preocupantes.

De acordo com a análise, a troca de alimentos entre países reduz a escassez de água para grande parte da população mundial; mas, ao mesmo tempo, agrava a crise para milhões de pessoas em comunidades mais pobres .

Quem ganha e quem perde

O relatório mostra que, nos países desenvolvidos, 75% da população se beneficia da redução da escassez hídrica graças ao comércio agrícola internacional. Já nos países em desenvolvimento, esse percentual cai para 62%. O problema é que, enquanto alguns ganham, outros perdem: 37% da população de nações em desenvolvimento enfrenta mais dificuldades de acesso à água como efeito direto desse comércio, sendo em média 8% mais pobre do que aqueles que se beneficiam .

Entre os países favorecidos estão regiões como o norte da China, a Europa e o norte da África, que conseguem aliviar a pressão sobre seus recursos internos ao importar alimentos. Já países como Índia e Paquistão, além de áreas do leste da Austrália e do centro dos Estados Unidos, colhem pouco ou nenhum benefício e, em alguns casos, sofrem ainda mais pressão hídrica .

Água que sai e não volta

Ao exportar alimentos, países em desenvolvimento transferem para fora volumes enormes de água embutida na produção agrícola. Isso gera receita, mas deixa menos recursos para suas próprias populações, que frequentemente já vivem em regiões de estresse hídrico. Assim, o comércio internacional cria uma assimetria: países ricos conseguem “importar” água, enquanto os mais pobres a perdem.

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Essa desigualdade não ocorre apenas entre países, mas também dentro deles. Em países desenvolvidos, a redistribuição da água favorece até os mais pobres, com um aumento de 20% no número de pessoas com pouca ou nenhuma escassez hídrica. Já nos países em desenvolvimento, o ganho para a população mais vulnerável é de apenas 0,1%. Em alguns casos, a concentração do uso da água entre os mais ricos aumenta em 30% .

Para os especialistas da ONU, os dados revelam um claro padrão de injustiça ambiental: as nações e populações que menos têm capacidade de se adaptar às mudanças são justamente as que sofrem os maiores impactos negativos.

Possíveis soluções

O relatório recomenda políticas que considerem não apenas a disponibilidade geral de água, mas também como os impactos do comércio recaem sobre populações de baixa renda. Entre as medidas propostas estão subsídios ou apoio financeiro a famílias pobres, limitação de preços da água para garantir acessibilidade, e investimentos em infraestrutura local. No campo agrícola, tecnologias como irrigação por gotejamento e a adoção de cultivos menos dependentes de água podem reduzir a pressão sobre os recursos.

Além disso, os países devem planejar estrategicamente suas políticas de comércio de alimentos, diversificando importações e exportações para equilibrar melhor a demanda de água. A China, por exemplo, ajustou sua mistura de importação de arroz e trigo para reduzir pressões desiguais sobre seus recursos hídricos .

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