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Conheça o Teleocrater, ‘primo mais velho’ dos dinossauros e aves

Pesquisadores descreveram fósseis do 'Teleocrater rhadinus', criatura que viveu há 245 milhões de anos, na Tanzânia

Por Da Redação
Atualizado em 13 abr 2017, 17h59 - Publicado em 13 abr 2017, 09h25

Um dos primeiros animais que deu origem à linhagem que levou aos dinossauros e às aves não era maior que um labrador, caminhava sobre quatro patas e se alimentava de outros bichos. A descoberta, publicada nesta quarta-feira na revista científica Nature, descreve o Teleocrater rhadinus, criatura que media entre dois e três metros de comprimento e vivia na região onde hoje é o sul da Tanzânia, há 245 milhões de anos.

A descrição dos fósseis, que foram vistos pela primeira vez nos anos 1930, contraria o aspecto que os cientistas acreditavam que teria o ancestral dos dinossauros e das aves. Até então, imaginava-se que ele andaria sobre duas patas, ao contrário do Teleocrater, que caminha sobre quatro. Apesar de o animal descrito recentemente não ser o que deu origem à linhagem, e sim um “primo mais velho”, a descoberta dá pistas importantes aos cientistas sobre como seria o ancestral original, o que ele comia, como ele se locomovia e como se comportava. Para os pesquisadores, isso é um grande passo para a compreensão da evolução dos vertebrados em geral.

“A descoberta do Teleocrater altera fundamentalmente nossas ideias sobre a história e evolução dos parentes mais antigos dos dinossauros. Ela também levanta muito mais perguntas do que respostas” disse Sterling Nesbitt, professor de geociências do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, nos Estados Unidos e um dos autores do estudo, em comunicado.

Em 1933, fósseis de um Teleocrater foram descobertos na Tanzânia. Entre os exemplares, no entanto, faltavam ossos cruciais, como os tornozelos, para poder reproduzir como seria a aparência do animal. Em 2015, outro grupo de cientistas retornou ao local e encontrou outros três fósseis, mais conservados, que puderam ser utilizados para analisar e categorizar a criatura.

Teleocrater rhadinus
Sterling Nesbitt (esquerda) e Christian Sidor (direita) escavando os restos de Teleocrater rhadinus em 2015 (Roger Smith/Divulgação)

Ao analisar os tornozelos, eles perceberam que eles eram flexíveis e permitiam a rotação, como os dos crocodilianos, e diferente dos dinossauros e aves. A pesquisa ainda mostrou que o Telocrater surgiu no período Triássico (há cerca de 250 milhões de anos), pouco depois que os ancestrais comuns entre os dinossauros, aves e crocodilianos se dividiram em dois ramos: um que deu origem aos dinossauros e, mais tarde, às aves; e outro que deu origem aos crocodilianos. A espécie descrita pelos cientistas encontra-se na linha dos dinossauros e aves, mas também está muito próxima à separação do ramo dos crocodilianos – daí sua importância. Pela proximidade dos crocodilianos, a aparência e algumas características morfológicas do Telocrater são semelhantes a este grupo, o que significa que ela pode ter um aspecto bem parecido ao do ancestral comum entre as duas ramificações.

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Legenda: Árvore genealógica dos dinossauros Crédito: Sterling Nesbitt
Nova árvore genealógica dos ancestrais dos dinossauros e das aves (Sterling Nesbitt/Divulgação)

Para Judy Skog, diretora do National Science Foundation (NSF) dos Estados Unidos, que não participou do estudo, a descrição do Teleocrater  traz à tona a distribuição e diversidade dos antepassados desses grupos de animais. “As origens dos dinossauros devem ser reexaminadas agora que nós sabemos mais sobre a história complexa e os traços destes antepassados”, disse, em comunicado.

Tanto os fósseis do Teleocrater, como de outros primos dos dinossauros recém-descobertos, evidenciam que estes animais estavam espalhados pelo globo, em regiões onde hoje são Brasil, Índia e Rússia. Apesar do parentesco, todos esses animais existiram e foram extintos há cerca de 230 milhões de anos, antes de surgirem os dinossauros de que temos registro atualmente. Agora, os cientistas irão investigar como estes primos distantes evoluíram e se essas mudanças foram impulsionadas pelo ambiente em que estavam.

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Teleocrater rhadinus
Reconstrução do esqueleto do Teleocrater rhadinus (escala = 25 cm) (Scott Hartman/Divulgação)
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