Em uma área livre de câmeras de segurança da biblioteca da Universidade de Cambridge, a diretora da instituição, Jessica Gardner, encontrou um pequeno embrulho em papel rosa. Do lado de fora, a mensagem “feliz páscoa, bibliotecária”. Dentro do pacote, um verdadeiro tesouro: dois diários do naturalista Charles Darwin (1809-1882), roubados da instituição há mais de 20 anos e devolvidos de forma anônima. Os volumes contém alguns dos rascunhos de sua teoria da evolução, incluindo o importante esboço de sua Árvore da Vida, datado de 1837.
“Meu sentimento de alívio pelo retorno seguro dos cadernos é profundo e quase impossível de expressar adequadamente”, disse Gardner. “Juntamente com tantos outros em todo o mundo, fiquei com o coração partido ao saber de sua perda e minha alegria por seu retorno é imensa.”
Em 2000, os diários foram retirados dos arquivos para uma sessão de fotos. O serviço foi finalizado em novembro daquele ano, mas uma checagem de rotina em janeiro do ano seguinte apontou que eles haviam sumido. Por quase duas décadas, a equipe da biblioteca de Cambridge acreditou que eles haviam sido guardados em outro setor. Buscas foram feitas no acervo que reúne mais de 10 milhões de livros, documentos e manuscritos, até que em 2020 eles foram oficialmente dados como roubados.
Uma força policial que contou com o apoio da Interpol deu início a uma busca internacional, mas não havia obtido nenhuma pista antes da devolução misteriosa. Especialistas acreditavam que eles não poderiam ser vendidos no mercado internacional sem despertar suspeitas, e contavam com o reaparecimento. Agora, as imagens das câmeras de segurança da biblioteca de Cambridge serão analisadas para tentar identificar a pessoa que devolveu os diários.
O material está bem conservado, sem marcas de uso, e será exposto ao público em julho como parte da exposição Darwin in Conversation.