Estrelas podem desaparecer nos próximos 20 anos, dizem cientistas
Poluição luminosa crescente, causada principalmente por LEDs, ameaça ofuscar astros noturnos
O brilho do céu noturno sempre foi uma inspiração para a humanidade e, de Shakespeare a Legião Urbana, já foi ostensivamente explorado por artistas de todas as vertentes. No entanto, pela primeira vez em milênios, essa fonte celestial de alento está ameaçada pela humanidade.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, astrônomos alertam que dentro dos próximos 20 anos, a maior parte das estrelas e as principais constelações serão ofuscadas pela poluição luminosa. A principal causa são os LEDs.
Atualmente eles iluminam o céu noturno a uma taxa que aumenta 10% a cada ano. Isso significa que, em um local onde hoje 250 estrelas são visíveis, daqui menos de duas décadas, serão apenas 100.
Presentes em casas, iluminações públicas e anúncios, os LEDs já haviam sido fonte de preocupação em 2016, quando pesquisadores anunciaram que a Via Láctea – faixa luminosa com alta concentração de estrelas que cruza o céu noturno – já não era mais visível para um terço da população mundial.
“Algumas gerações atrás, as pessoas teriam sido confrontadas regularmente com essa visão brilhante do cosmos, mas o que antes era universal agora é extremamente raro”, afirmou ao jornal o físico do Centro Alemão de Geociências, Christopher Kyba.
O risco não é apenas estético ou cultural. As faixas mais quentes de luz, ausentes nessa lâmpadas, são essenciais para a produção de melatonina e para o controle de funções do corpo como a quebra de açúcar. Além disso, as luzes da cidade afetam profundamente o ecossistema – de insetos, que são atraídos pela luz e morrem em contato com o equipamento, às tartarugas e pássaros que são guiados pelo brilho da lua.
Apesar disso, ainda há esperança. Os cientistas defendem que limitar o brilhos das lâmpadas, optar por equipamentos que tenham um espectro de vermelho e laranja mais amplo e direcionar essas luzes sempre para baixo, impedindo que raios sejam emitidos para o céu, pode reduzir os danos que garantir que o brilho das estrelas continuem inspirando a humanidade e a natureza por mais tempo.