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Estudo aponta caminho para aumentar o sucesso da restauração do Cerrado

Pesquisadores brasileiros investigaram como a manipulação de espécies nativas pode impedir que áreas restauradas voltem a ser invadidas

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 17h30 - Publicado em 6 fev 2024, 09h33

Números divulgados em janeiro deste ano dão conta de que, enquanto o desmatamento da Amazônia caiu pela metade, o do Cerrado aumentou 43% em 2023. Apesar da necessidade de medidas de combate à destruição, pesquisas revelam que isso não é o suficiente e que medidas de restauração também são urgentes. 

Esse processo possui, no entanto, diversos desafios. Um deles é a recorrente reinvasão por gramíneas exóticas. Introduzidas em áreas de pastagem, essas gramíneas se alastram, eliminam espécies nativas e descaracterizam o ecossistema do Cerrado. Uma vez instaladas, tornam-se muito difíceis de erradicar, mesmo depois de o pasto ter sido abandonado — é o caso das braquiárias (Urochloa spp.), do capim-gordura (Melinis minutiflora) e do capim-gambá (Andropogon gayanus).

Para definir estratégias de resistência à invasão ou reinvasão por gramíneas exóticas, um estudo pioneiro foi realizado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. “Grande parte dos projetos de restauração atuais tem como meta promover uma rápida cobertura vegetal da área a ser restaurada, mas, neste trabalho, mostramos que isso nem sempre é a melhor estratégia”, afirma Rafael Oliveira, coordenador do projeto e autor sênior do artigo publicado no Journal of Applied Biology. “Por falta de embasamento científico mais consistente, muitos projetos acabam tendo baixa taxa de sucesso, pois não conseguem criar ecossistemas biodiversos e resistentes a eventos como seca, invasão biológica e fogo.”

O pesquisador afirma que os estudos nos ecossistemas temperados mostraram que comunidades com maior diversidade tendem a ter níveis reduzidos de recursos disponíveis – o que se presume ser decorrente do uso complementar de recursos por espécies com estratégias ecológicas diversas. E que isso reduz a invasão por espécies exóticas, que geralmente necessitam de grandes quantidades de recursos para manter seu crescimento rápido. “Nossos resultados mostram que a maior diversidade reduz a invasão, provavelmente devido à competição por recursos nos solos pobres e ácidos do Cerrado”, afirma Oliveira.

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Os resultados encontrados pelo grupo pode levar a uma grande revisão das estratégias de restauração adotadas no Cerrado. “Nossos resultados sugerem que uma maior diversidade funcional, tanto nas alturas das plantas quanto nos comprimentos específicos das raízes [SRL], está associada à redução na invasão por espécies exóticas”, diz o autor. “A diversidade nas alturas, relacionada com a biomassa aérea das gramíneas nativas, parece criar várias camadas de vegetação, que limitam a incidência da luz solar necessária para o crescimento das espécies invasoras. Mas a diversidade de SRL, como descobrimos, é um fator crucial. Isso indica que, além da sombra proporcionada pela biomassa aérea nativa, uma variedade mais ampla de estratégias de raízes é eficaz na redução da invasão.”

(Com Agência Fapesp)

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