Após a declaração feita por um cientista da Nasa de que a Terra não estaria preparada para evitar a colisão com um “asteroide surpresa”, o governo americano divulgou no fim de 2016 seu plano oficial para lidar com asteroides potencialmente perigosos que se aproximem do planeta. Segundo o documento, a principal estratégia é integrar informações e recursos tecnológicos com agências espaciais de todo o mundo e aprimorar as técnicas de detecção de objetos próximos da Terra (NEO, sigla em inglês para near Earth objects). O desenvolvimento de táticas para responder a um possível impacto também está previsto no plano.
Há anos cientistas vêm expressando preocupação em relação a uma colisão que possa ameaçar a vida na Terra, como aconteceu milhões de anos atrás com os dinossauros. Até agora, nenhum asteroide com esse potencial de destruição que esteja vindo em direção ao planeta foi detectado, porém a chance ainda existe – e está longe de ser desprezível. A ideia do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia da Casa Branca foi, então, criar um plano para tentar evitar esse cenário.
Apesar dos investimentos em pesquisa e tecnologia, é possível que alguns asteroides passem despercebidos pelos radares das agências espaciais. Em 2013, um meteorito cruzou o céu da Rússia e atingiu a região central do país, na cidade de Chelyabinsk, deixando um total de 1.500 feridos. Segundo dados da Planetary Society, a chance de uma pessoa morrer por conta de um impacto com um cometa ou asteroide é de uma em 40.000 – maior do que a chance de morte por uma mordida ou picada de animal venenoso ou acidentes com fogos de artifício.
O plano divulgado pelo governo americano já está aprimorando as técnicas de detecção de asteroides da Nasa, o que diminui a probabilidade de algum meteoro gigante se aproximar do nosso planeta sem o conhecimento dos cientistas. Porém, o documento também estabelece algumas estratégias para caso algum asteroide potencialmente perigoso seja detectado, determinando sete objetivos principais.
1. Aprimorar a detecção, o rastreamento e a caracterização dos NEOs
O primeiro objetivo é investir em tecnologias de agências espaciais americanas e de outros países para melhorar os estudos dos NEOs. A missão Osiris-Rex, enviada pela Nasa em setembro de 2016 em direção ao asteroide Bennu, é uma das apostas da agência americana para descobrir mais sobre esses objetos.
2. Desenvolver métodos para desviar e destruir asteroides
Com essa meta, o governo americano pretende criar métodos de resposta rápida a uma possível aproximação, incluindo táticas para desviar ou destruir os asteroides.
3. Melhorar a criação de modelos, as previsões e a integração de informações
O objetivo é assegurar que os modelos corretos sejam desenvolvidos para cada situação, possibilitando uma descrição mais precisa das trajetórias dos asteroides, além de criar um sistema eficiente capaz de integrar os dados com outras agências internacionais.
4. Desenvolver procedimentos de emergência para cenários de impacto
A meta é determinar e preparar os procedimentos necessários para impedir ou minimizar os danos causados por um possível impacto, bem como desenvolver estratégias de comunicação internacional para facilitar os preparos.
5. Estabelecer respostas e procedimentos de recuperação para o impacto
Caso o asteroide não possa ser desviado, o governo americano pretende desenvolver protocolos para responder ao impacto com o objeto considerando a área que ele vai atingir (oceano, terra firme, regiões costeiras), além de estabelecer táticas para facilitar a colaboração internacional para a recuperação após o impacto.
6. Alavancar e apoiar a colaboração internacional
Além das agências espaciais, o governo americano pretende também trabalhar ao lado dos governos estrangeiros, compartilhando dados, planejando, monitorando e se preparando para possíveis impactos de maneira colaborativa.
7. Estabelecer coordenadas, protocolos de comunicação e limites para o evento
Esse objetivo inclui definir como a comunicação de um impacto detectado ocorrerá para o governo americano e para os demais governos, assim como à mídia e ao público. Ele também determina como os Estados Unidos podem optar por reagir ou não ao possível impacto e como proceder caso o asteroide caia fora do território americano.