Arqueólogos descobriram evidências de que os primeiros Homo sapiens viveram durante um período curto, de algumas décadas, em cavernas do sul da França, há 54 mil anos – antes de desaparecerem da região.
O grupo liderado pelo antropólogo Ludovic Slimak, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, da sigla em francês) e da Universidade de Toulouse-Jean Jaurès, trabalha há 30 anos nos complexos rochosos da região do Vale do Rhône, encontrou ferramentas de pedra e um dente de criança que diferem dos outros utensílios e ossos normalmente encontrados na região e associados aos Neadertais. As novas ferramentas, especialmente, são semelhantes a outras encontradas no Oriente Médio e ligadas aos Homo sapiens.
Além de mostrar que ocupação dos Homo sapiens é muito mais antiga ao que se supunha, cerca de 10 mil anos antes de evidências anteriores, a nova descoberta mostra que esses homens viveram em territórios ocupados por Neandertais, que usaram abrigos nas cavernas antes e depois desse período.
A pesquisa foi publicada na Science Advances e não convenceu todos os especialistas no assunto. A técnica de extração de material genético, que daria um veredito sobre o tema, provavelmente destruiria as amostras encontradas. O time de Slimak, no entanto, preferiu esperar.
Se a coexistência entre as duas espécies for confirmada, ela representaria uma grande mudança na maneira como os arqueólogos entendem a evolução das populações humanas. Acredita-se que a extinção dos Neandertais aconteceu após a chegada dos sapiens à Europa, mas se a evidência de Slimak estiver certa, significa que os Homo sapies chegaram milhares de anos antes do que se sabia, e conviveram com os Neandertais.