Expedição em fossa abissal encontra novos seres vivos; confira imagens e vídeos
Novo estudo da Nature revela organismos quimiossintéticos que prosperam com ajuda do metano há mais de 7.000 metros de profundidade

Uma expedição na fossa do Japão trouxe à superfície novas imagens da vida nas profundezas do oceano. Longe da luz solar, comunidades de seres vivos prosperam há mais de 7.000 metros de profundidade, e denotam a ocorrência mais profunda conhecida de vida quimiossintética. As descobertas foram publicadas em artigo na revista Nature, nesta quarta, 30.
Viver em condições extremas exige adaptação daqueles que habitam tais ambientes e os chamados seres extremófilos buscam novas formas de obter energia. Nas fossas Kuril–Kamchatka e Aleutian no Noroeste do Pacífico, pesquisadores observaram grandes comunidades quimiossintéticas de bivalves, gastrópodes e anelídeos.


Diferente dos ecossistemas na superfície baseados em seres fotossintéticos, que produzem energia através da luz solar, os chamados quimiossintéticos tomam outro rumo para produzir seu sustento. Como o próprio nome diz, sua fonte de energia deriva de reações químicas, e no caso das novas comunidades a partir da síntese de sulfeto de hidrogênio e metano. Os gases escapam por falhas na placa tectônica. Análises adicionais também sugerem que o metano que escapa pelas fendas é produzido por processos microbianos em matéria orgânica encontrada nos sedimentos.
A bordo de um submarino, pesquisadores do Institute of Deep-sea Science and Engineering da China passaram por mais de 2.500 quilômetros nas fossas Kuril–Kamchatka e Aleutian, entre 5.800 a 9.533 metros de profundidade. Imagens da expedição mostram vermes-tubo e bivalves em grandes quantidades espalhados no solo, configurando os seres quimiossintéticos na maior profundidade conhecida.


De volta à superfície, os autores principais do artigo, Xiaotong Peng, Mengran Du, Vladimir Mordukhovich, destacam a importância dos achados. “Essas descobertas desafiam os modelos atuais de vida em limites extremos e o ciclo do carbono no oceano profundo”, escrevem os pesquisadores. A geração e consumo do metano nas profundezas do oceano como fonte de energia pode servir de modelo para ciclos biogeoquímicos fora da água.