Mais de 60 milhões de anos antes de os humanos sonharem em ocupar a Terra, esse lugar era dominado por uma infinidade de dinossauros. Hoje se sabe que os últimos representantes desses répteis gigantes que viveram por aqui são as aves, mas o caminho traçado pela evolução ainda é pouco compreendido. Pelo menos por enquanto. Um artigo publicado nesta quarta-feira, 06, revela uma nova espécie e promete jogar luz sobre esse elo perdido.
O fóssil do Fujianvenator prodigiosus foi descoberto na província de Fuquiém, na China, e traz à tona um animal peculiar. Com tamanho semelhante ao de um faisão, ele pertencia a classe dos terópodes, nome dado aos dinossauros bípedes e carnívoros. Uma característica, contudo, chamou mais a atenção dos pesquisadores: suas longas pernas.
“A descoberta foi surpreendente e todos ficaram muito animados”, afirma o pesquisador da Academia Chinesa de Ciências e autor principal do estudo publicado na Nature, Min Wang. “Os membros inferiores inesperadamente longos nos levam a crer que se tratava de um corredor de alta velocidade ou de um animal acostumado a andar na água.”
O animal viveu entre 150 e 148 milhões de anos atrás, no fim do período Jurássico. Foi mais ou menos nesse momento que as aves começaram a se diferenciar dos dinossauros, mas a maioria dos Avialeaes, como são chamadas essas espécies de transição, eram mais aéreas ou arbóreas e nenhuma apresentava características parecidas com a do Fujianvenator.
“O Fujianvenator prodigiosus corresponde a uma espécime-chave para o entendimento da evolução da linhagem das aves”, afirma Rodrigo Temp Müller, paleontólogo do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que descobriu recentemente o fóssil de um irmão evolutivo dos pterossauros. “As pernas extremamente longas do Fujianvenator prodigiosus são um ponto fora da curva, mostram que animais dessa linhagem percorreram distintos caminhos evolutivos, indicando que ainda há muito para ser descoberto sobre a origem das aves.”
E as novidades não param por aí. O fóssil foi descoberto no meio de diversos outros vertebrados, em especial espécies aquática e semiaquáticas, o que sugere que o ambiente em que o dinossauro viveu era majoritariamente pantanoso, o que pode ter forçado a evolução dessas espécies.