Encontrar uma maneira de ligar e desligar um estado de hibernação poderia poupar as pessoas de passarem por longos períodos de tédio ou escassez. O exemplo mais utilizado – e amplamente explorado por filmes de ficção científica – para explicar a utilidade dessa tecnologia, são as viagens espaciais. Graças a um estudo publicado nesta quinta-feira, 25, na Nature Metabolism, esse sonho está um passo mais próximo de se tornar realidade.
Os pesquisadores do estudo conseguiram induzir um estado semelhante ao de hibernação em ratos e camundongos, animais que não apresentam essa característica na natureza. Para isso, eles utilizaram um pequeno capacete que emite um ultrassom numa região específica do cérebro, o hipotálamo.
Pesquisas recentes mostraram que um grupo de neurônios que se localiza nessa região é responsável por controlar a temperatura do corpo e o metabolismo durante a hibernação. Estudos com animais geneticamente modificados já haviam conseguido ativar esses neurônios, mas essa é a primeira vez que pesquisadores conseguiram fazer isso em animais comuns de maneira não invasiva.
Quando as ondas foram emitidas nesta região específica do cérebro de camundongos, a temperatura do corpo reduziu em 3ºC, os animais pararam de consumir as reservas de açúcar do corpo e começaram a queimar apenas as reservas de gordura. Além disso, a frequência cardíaca diminuiu em 47%. Algo bastante semelhante, mas menos intenso, aconteceu quando o experimento foi feito com ratos, animais um pouco maiores que os camundongos.
Eles ainda desenvolveram um modelo que fazia com que novos pulsos fossem emitidos sempre que os animais começavam a retornar ao estado normal, o que permitiu a manutenção dessa hibernação por até 24 horas.
Nada garante que o mesmo acontecerá com os humanos, afinal, apesar da semelhança com outros mamíferos, os cérebros dos hominídeos são muito maiores e não necessariamente responderão da mesma forma aos estímulos. O fato, contudo, de que esse estado pôde ser ativado em animais que não hibernam naturalmente é um ponto de esperança.
Caso a tecnologia se mostre viável em humanos, ela poderá ser utilizada em situações de longa espera e escassez, como as futuras – mas ainda distantes – viagens interestelares ou para o tratamento de condições que são beneficiadas pela redução do metabolismo, como as doenças do coração.