A guerra não era uma atividade exclusivamente masculina entre as civilizações vikings da Suécia, aponta um estudo divulgado na última semana no periódico American Journal of Physical Anthropology. Cientistas descobriram que o esqueleto de um importante líder viking que viveu entre 1.000 e 1.200 anos atrás, encontrado durante as escavações em uma cova na cidade de Birka, em 1889, pertencia a uma mulher, e não a um homem, como se pensava. Isso, segundo os arqueólogos envolvidos no estudo, mostra que o papel da mulher naquela civilização se estendia também a funções militares. É a primeira guerreira viking de alto escalão já identificada.
Desde a descoberta do esqueleto, cientistas haviam assumido que os restos pertenciam a um homem por causa da grande quantidade de ornamentos presente no túmulo. A pesquisa recém-publicada, no entanto, comprovou por meio de análises genéticas que os restos eram mais compatíveis com o sexo feminino. A guerreira, que teria 1,70 metro de altura e cerca de 30 anos, foi encontrada enterrada junto a dois cavalos e algumas armas, incluindo uma espada, um arco e flecha, um machado e um escudo. Também foram encontrados um tabuleiro e peças que eram usadas para simular batalhas, projetar estratégias de guerra e planejar ataques.
“O conjunto [de peças e tabuleiro] indica que ela era uma oficial, alguém que trabalhava com táticas e estratégias e liderava as tropas no campo de batalha”, afirma em comunicado a arqueóloga e líder do estudo Charlotte Hedenstierna-Jonson, da Universidade de Uppsala, na Suécia.
As análises também confirmam que os restos pertenciam a um indivíduo com estilo de vida itinerante, o que bate com a descrição da sociedade marcial que dominou o norte da Europa durante os séculos VIII a X, período conhecido como a Era Viking.
Apesar de arqueólogos já terem descoberto esqueletos de soldados vikings do sexo feminino antes, nenhum deles aparentava ter uma patente tão alta quanto o encontrado na cova em Birka.