Katie Bouman, uma mulher de 29 anos, ganhou atenção mundial depois de ser apresentada como uma das cientistas por trás da primeira imagem já registrada de um buraco negro.
Foi ela quem liderou o desenvolvimento do programa de computador que tornou a foto possível. Cerca de 200 pesquisadores levaram dois anos para analisar os algoritmos, idealizados por Bouman, que formaram a imagem final, captada em uma panorâmica por uma rede global de telescópios em 2017.
A cientista, que conquistou um doutorado em ciência da computação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma das instituições de ensino mais respeitadas do mundo, começou a desenvolver este algoritmo há três anos, quando ainda era aluna da graduação. Lá, ela foi assistida por uma equipe do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação do MIT e por outra do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica.
Em uma foto que viralizou nas redes sociais, Bouman aparece ao lado de seu computador, que estampa na tela a foto do buraco negro antes de sua publicação, na quarta-feira 10. “Acompanhando incrédula conforme a primeira imagem de um buraco negro passava pelo processo de reconstrução”, escreveu a americana em sua conta no Facebook.
Hoje professora assistente de computação e ciências matemáticas no Instituto de Tecnologia da Califórnia, a cientista angariou elogios das duas universidades por onde passou. O laboratório do MIT inclusive comparou seu feito ao de Margaret Hamilton, que criou o código que ajudou os primeiros astronautas americanos a irem a Lua.
Ao responder aos elogios, a cientista exaltou a equipe que a auxiliou no projeto e pediu que eles recebam o mesmo crédito. “Nenhum de nós poderia ter conseguido isso sozinhos”, disse Bauman à CNN. “Só chegamos ao resultado por meio de várias pessoas diferentes, com histórias de vida diferentes.”
A imagem do buraco negro, capturada pelo Telescópio “Horizonte de Eventos” (EHT), foi renderizada pelo algoritmo da Dra. Bouman. Os telescópios da rede estavam posicionados em pontos que iam do Chile à Antártica.
Os dados capturados pelos telescópios foram gravados em centenas de discos rígidos que foram então enviados para centros de processamento nas cidades de Boston, nos Estados Unidos, e Bonn, na Alemanha. Foi o método de Bouman que processou estes dados crus, decodificando e formando a foto.
Os algoritmos, segundo os princípios matemáticos, são um processo usado para estabelecer regras que resolvem problemas. Os resultados da pesquisa de Bouman foram analisados por quatro times distintos para comprovar a veracidade de suas descobertas.
“Nós somos um amontoado de astrônomos, físicos, matemáticos e engenheiros. Isto foi necessário para que alcançássemos o que um dia pensamos ser impossível”, completou a americana.