Parece que a entrada de novos atores na exploração espacial esquentou a disputa por protagonismo entre os países. A Nasa acaba de anunciar que vai voltar a olhar com interesse para Vênus, após mais de três décadas sem dar bola ao segundo planeta do Sistema Solar. Nesta quarta-feira, 2, o diretor da agência espacial americana, Bill Nelson, divulgou os nomes das próximas missões com destino à superfície venusiana, DaVinci+ e Veritas.
Não é a primeira vez que os EUA se interessam por Vênus. Nos anos 1970, 1980 e 1990, o país enviou missões para explorar o planeta, mas não obteve sucesso. O interesse se justifica porque trata-se de quase um gêmeo da Terra, com a diferença que a atmosfera venusiana é massivamente rica em dióxido de carbono e a superfície tem temperaturas altíssimas – da ordem de 485 graus Celsius.
Vênus voltou a despertar o interesse dos cientistas da Nasa porque surgiram evidências de que há microrganismos vivendo nas nuvens que cobrem a superfície do planeta, onde as temperaturas são mais amenas. Por meio de potentes telescópios, eles disseram ter encontrado traços de fosfina, uma substância que só se forma como resíduo de organismos vivos.
In today’s #StateOfNASA address, we announced two new @NASASolarSystem missions to study the planet Venus, which we haven’t visited in over 30 years! DAVINCI+ will analyze Venus’ atmosphere, and VERITAS will map Venus’ surface. pic.twitter.com/yC5Etbpgb8
— NASA (@NASA) June 2, 2021
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Houve quem discordasse das evidências, dizendo que não eram tão consistentes assim. De qualquer forma, o diretor da Nasa à época, Jim Bridenstine, começou a direcionar esforços para restabelecer Vênus como planeta de interesse.
No ano passado, quando a Nasa começou a avaliar propostas para seu programa Discovery, duas delas tinham Vênus como destino principal. Os outros finalistas foram uma exploração de Io, lua de Júpiter, e outra de Tritão, uma lua de Netuno.
Missões
Segundo a Nasa, a DaVinci + medirá a composição da atmosfera do planeta para entender como se formou e evoluiu, bem como determinar se houve um oceano. Na entrada, serão feitas medições de gases nobres e outros elementos para entender por que Vênus parece uma estufa descontrolada em comparação com a Terra.
Além disso, a missão mandará as primeiras imagens em alta resolução das “tesselas”, equivalentes aos continentes da Terra, sugerindo que Vênus pode ter placas tectônicas. Esta seria a primeira missão americana ao planeta desde 1978, e os resultados, dizem os cientistas, poderiam mudar nossa compreensão de como se formaram planetas habitáveis no Sistema Solar.
A Veritas, que terá como parceiros as agências espaciais da Alemanha, Itália e França, mapeará a superfície de Vênus para determinar a história do solo do planeta e entender por que ele se desenvolveu de forma tão diferente da Terra. Orbitando Vênus com um radar, a missão irá mapear as elevações da superfície de quase todo o planeta para criar reconstruções 3D da topografia e confirmar se processos como placas tectônicas e vulcanismo ainda estão ativos.