A Nasa está preparando uma ambiciosa missão para tentar defender a Terra de uma futura colisão com um asteroide. A Dart, sigla em inglês para Double Asteroid Redirection Test (Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide, na tradução em português) foi aprovada e passa agora para a segunda etapa, em que a missão será desenhada. A ideia é enviar uma sonda que deve ‘bater’ em um asteroide e, assim, desviar sua trajetória para evitar um possível impacto com nosso planeta.
“A Dart seria a primeira missão da Nasa a demonstrar o que conhecemos como ‘técnica do pêndulo cinético’ – colidir com um asteroide para mudar sua órbita – para nos defender de um potencial impacto de asteroide no futuro”, afirmou Lindley Johnson, especialista em defesa planetária da agência espacial americana, em comunicado. “A aprovação faz com que o projeto avance em direção a um teste histórico com um pequeno asteroide que não nos ameaça.”
Como proteger a Terra dos asteroides
Segundo a Nasa, o alvo da missão será um asteroide que passará relativamente próximo a nós em outubro de 2022 e em 2024 – próximo em termos cósmicos, pois a rocha estará a cerca de 11 milhões de quilômetros de distância da Terra. O asteroide se chama Didymos, a palavra grega para gêmeo, pois ele é formado por um sistema binário, ou seja, são dois asteroides que viajam juntos pelo espaço. Didymos-A tem 780 quilômetros de diâmetro e Didymos-B, 160 quilômetros de diâmetro.
A ideia da agência espacial americana é que a sonda “bata” apenas no menor dos dois corpos celestes, Didymos B. Segundo os planos, ela atingiria o asteroide em uma velocidade de 6 quilômetros por segundo, quase dez vezes mais que uma bala ao ser disparada de um revólver. De uma base na Terra, os astrônomos poderiam acompanhar o impacto e medir a mudança na órbita do corpo celeste. Com essas informações, a Nasa poderia determinar quais as possibilidades de que a ‘técnica do pêndulo cinético’ funcione como uma estratégia de defesa contra um provável impacto.
“Dart é um passo crítico para demonstrar se podemos proteger nosso planeta do impacto de um futuro asteroide”, afirmou Andy Cheng, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Maryland, nos Estados Unidos, que participa da missão, em nota. “Como não sabemos muito sobre sua estrutura interna ou composição, precisamos fazer esse experimento em um asteroide de verdade. Com a Dart, podemos mostrar como proteger a Terra do impacto de um asteroide levando-o para um caminho diferente, que não ameace o planeta.”
Programa de defesa da Terra
A missão faz parte de um programa maior, batizado de Aida (Avaliação de Impacto e Desvio de Asteroide), feito em conjunto pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). Ele é composto de duas partes: a sonda-projétil Dart, da Nasa, e a AIM (na sigla em inglês, Missão de Impacto de Asteroide), da ESA.
A sonda europeia, posicionada em um local próximo ao impacto da sonda Dart no asteroide, irá registar e analisar as consequências do choque. Seu objetivo será mapear e compreender melhor as características do Didymos e fazer dois tipos de lançamentos: pequenos satélites e um módulo de aterrissagem no mesmo asteroide.
De acordo com os cientistas, estima-se que os equipamentos sejam lançados a partir de 2020 para atingir o asteroide em 2022.