De acordo com um novo estudo, o neandertal, ancestral mais próximo do Homo sapiens, possuía a habilidade de perceber e produzir falas. A evolução da linguagem pode ser muito difícil de se estudar na antropologia, uma vez que é complexo constatar se um hominídeo era ou não capaz de se comunicar oralmente com base apenas no estudo de seus fósseis.
A pesquisa baseou-se na análise de tomografias de resquícios de neandertais que, processadas pelo computador, foram transformada em modelos virtuais dos ouvidos desses hominídeos. A partir desses modelos, dados foram coletados e inseridos em um software de bioengenharia auditiva em uma tentativa de descobrir quais eram as habilidades auditivas dos nossos ancestrais.
Como resultado, os cientistas constataram que os neandertais apresentavam uma audição apropriada para sons entre 4 e 5 kHz, similarmente ao Homo sapiens. Além disso, os pesquisadores conseguiram calcular a frequência de maior sensibilidade em relação aos ouvidos neandertais, o que se relaciona à forma como esses hominídeos se comunicavam (afinal, é nessa faixa que se encontra a maior parte dos sons distinguíveis que são utilizados na comunicação oral de uma espécie).
De acordo com eles, a frequência de maior sensibilidade dos nossos ancestrais é muito parecida com a nossa — sinal de que a fala neandertal pode ter formado um sistema de comunicação tão complexo quanto o Homo sapiens. O estudo, publicado no periódico científico Nature Ecology and Evolution, revelou ainda a possibilidade de que nossos ancestrais apresentassem um grande uso de consoantes.