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O fungo assassino

Estudo revela que microrganismo descoberto nos anos 90 é o mais letal de que já se teve notícia — e foi responsável pela dizimação de anfíbios em 60 países

Por Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 16h39 - Publicado em 5 abr 2019, 07h00
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  • EM AÇÃO - O Batrachochytrium dendrobatidis (Bd): focos presentes especialmente na América Central (Visuals Unlimited/SPL/Fotoarena)

    Um mistério que assombrava a ciência desde a década de 70 — a drástica redução da população de sapos no planeta — foi enfim desvendado. Na sexta-feira 29, 41 pesquisadores de diversas nações publicaram um estudo na revista americana Science com a resposta para o fenômeno. Não, o culpado por mais esse dano ao meio ambiente não é o homem, nem suas atividades industriais, nem as mudanças climáticas que destroem hábitats e poluem os mares. Pelo menos desta vez o destruidor é, por assim dizer, “natural”. Trata-se de um fungo de nome impronunciável — o Batrachochytrium dendrobatidis. Ou, simplesmente, Bd.

    Arte-Fungo-Assassino
    (./.)

    O Bd foi identificado ainda na década de 90 em sapos coletados na Austrália e no Panamá. Sabia-se, pela análise do microrganismo, que ele é letal para anfíbios. Ao provocar uma doença chamada quitridiomicose, o fungo invade células cutâneas, descamando a pele. Como os anfíbios realizam suas trocas gasosas com o ambiente por meio da pele, a interferência do Bd faz com que eles não consigam respirar, levando-os à morte.

    Os cientistas não tinham, entretanto, noção do tamanho do estrago. Ao compilarem, de forma inédita, dados de anfíbios infectados em todo o mundo, os pesquisadores apresentaram na Science um levantamento completo da destruição. Ao todo, 501 espécies tiveram sua população reduzida em grande escala — cinquenta delas são nativas do Brasil. Além disso, a ação do fungo culminou na extinção de noventa espécies de anfíbio. O patógeno espalhou-se por sessenta países, com focos maiores no México e na América Central, atingindo países como Guatemala e El Salvador.

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    O impacto rendeu ao Bd o título de o patógeno mais letal de que se tem conhecimento. O caso foi classificado como o de maior perda ambiental causada por uma única doença. Devastador, o fungo faz lembrar o poder destruidor da própria natureza, a despeito do homem — a maioria dos grandes eventos de destruição em massa de seres vivos ocorridos na Terra está associada a mudanças naturais do ambiente. Em tempo: embora não nos ataque diretamente, ao dizimar anfíbios o Bd acaba afetando o homem. Os sapos, por exemplo, são fundamentais no controle de pragas na lavoura e de insetos que transmitem doenças.

    Publicado em VEJA de 10 de abril de 2019, edição nº 2629

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