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Ondas de calor já reduziram em até 38% as populações de aves tropicais, diz estudo

Impacto do calor extremo já supera o de pressões humanas diretas, como desmatamento e ocupação de habitat, em regiões tropicais preservadas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 ago 2025, 12h00

Ondas de calor cada vez mais intensas já reduziram de 25% a 38% as populações de aves nas regiões tropicais desde 1950, segundo estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution. O fenômeno atinge até espécies que vivem em áreas preservadas e tem efeitos que se acumulam por anos, provocando perdas significativas na biodiversidade dessas regiões.

Nas áreas tropicais, como Amazônia, África Central e Sudeste Asiático, as aves já vivem em temperaturas naturalmente altas e próximas ao limite que seu corpo suporta. Quando ocorrem dias muito acima do normal, precisam gastar mais energia para se resfriar, o que pode levar à exaustão, desidratação e, em casos extremos, à morte.

O calor excessivo também afeta o comportamento: elas passam menos tempo procurando alimento, mudam horários de atividade e, às vezes, abandonam ninhos, deixando ovos e filhotes vulneráveis. Como o calor extremo também prejudica a oferta de insetos, frutos e sementes, muitas espécies sofrem com a falta de alimento. Esses impactos não desaparecem rapidamente e, em alguns casos, a perda populacional continua se acumulando com o tempo.

O que os cientistas analisaram?

O trabalho reuniu informações de longo prazo sobre mais de 3 mil populações de aves espalhadas por todos os continentes, registradas entre 1950 e 2020. No total, foram mais de 90 mil observações de campo, incluindo contagens anuais de indivíduos, que permitiram acompanhar o crescimento ou a redução de cada população ao longo de décadas.

Com esses dados, os cientistas compararam períodos de temperaturas normais com anos marcados por ondas de calor — definidas como dias que ultrapassam o 99º percentil da temperatura histórica local, ou seja, mais quentes que 99% de todos os dias registrados anteriormente. Eles também levaram em conta mudanças na quantidade de chuva, eventos de tempestade, desmatamento, urbanização e expansão agrícola, para isolar o efeito do clima. O resultado foi que, nas áreas tropicais, o impacto do calor extremo sobre a redução de aves foi mais forte do que qualquer outro fator analisado, incluindo a perda de habitat.

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Quais são as implicações?

Os resultados indicam que a intensificação das ondas de calor causada pelas mudanças climáticas já está remodelando ecossistemas inteiros e ameaçando espécies mesmo em regiões bem preservadas, sem corte de árvores ou ocupação humana direta. Isso exige repensar estratégias de conservação. Não basta apenas proteger florestas: será preciso criar condições para que as aves resistam a períodos de calor extremo, com áreas de refúgio, sombreamento natural e preservação de fontes de água.

O estudo também reforça a urgência de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, já que a frequência e a intensidade desses eventos extremos tendem a aumentar. Se nada for feito, populações que hoje estão estáveis podem entrar em declínio, afetando não só as aves, mas toda a rede de espécies que depende delas: de insetos polinizados por beija-flores até plantas cujas sementes são espalhadas por tucanos e araras.

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