Em 2017, os americanos gastaram 55 milhões de dólares (cerca de 204 milhões de reais) no mercado de insetos comestíveis. A moda, iniciada com base nos costumes asiáticos de consumir grilos e escorpiões, entre outros bichos estranhos, tem encontrado grandes oportunidades no Ocidente.
Incentivados por essa tendência, cientistas da Universidade Sueca de Ciências Agriculturais produziram um artigo sobre questões ainda pouco exploradas quanto ao hábito e suas consequências.
De acordo com os pesquisadores, a demanda global crescente por alimentos ricos em proteína pode encontrar nos insetos, ricos nesse macronutriente, uma ótima opção. Além disso, na opinião de Åsa Berggren, bióloga da universidade sueca, a forma que o ser humano encontrou para usar terras e produzir alimentos é insustentável — e mudar nossa dieta ao ingerir esses animais em maiores quantidades pode aliviar a pressão colocada sobre a produção agrícola.
Apesar da perspectiva otimista, a cientista afirma que ainda é preciso conduzir muitos estudos na área, sobretudo para garantir que, caso seja adquirido em parte ainda maior do planeta, esse costume alimentar seja sustentável. “Embora a indústria esteja ainda em uma espécie de infância, algumas empresas do ramo já estão crescendo e se dando bem, e os riscos virão junto”, comenta Berggren.
Além disso, é necessário entender como consumir insetos pode alterar as dinâmicas biológicas de uma região. É crucial, por exemplo, buscar prever os efeitos que uma demanda por esses animais pode ter em uma área onde esses seres não existam naturalmente.
Para a bióloga Åsa Berggren, um verdadeiro caos pode ser gerado se, por exemplo, um inseto escapar em um ambiente do qual ele não faça parte, o que causaria um enorme desequilíbrio na cadeia alimentar local. Ainda assim, os pesquisadores acreditam que a jovem indústria possui grande potencial e deverá ser eficiente em cuidar de todas as questões levantadas.