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Pássaros que ficam mais tempo no ninho vivem mais, indica pesquisa

Animais que desenvolvem melhor suas asas no ninho são mais protegidos, mas põem seus pais em perigo, conclui estudo

Por Sabrina Brito 21 jun 2018, 16h11

Uma pesquisa liderada pelos cientistas Thomas E. Martin e Bret Tobalske, da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, buscou investigar as causas de mortalidade juvenil entre pássaros da subordem Passeri, que inclui pintassilgos e canários. Para o estudo, os pesquisadores usaram vídeos e monitores presos aos animais para ajudá-los a entender melhor as causas de mortalidade entre pássaros jovens.

Os responsáveis pelo trabalho chegaram a algumas conclusões depois de analisar as filmagens e os dados coletados. A primeira foi que os animais cujos ninhos corriam maior risco de serem atacados por predadores apresentaram uma pior performance de voo.  Essa correlação se deve à existência da seleção natural. O ambiente selecionou, dentre os pássaros que tinham mais chance de serem atacados por animais maiores enquanto viviam no ninho, aqueles que saíam mais cedo desse habitat.

Afinal, os predadores atacariam e matariam facilmente os pequenos animais que evitassem sair e voar para longe. Logo, o ambiente favoreceu os que se tornam independentes mais rapidamente. No entanto, dada a sua juventude, esses pássaros não tiveram tempo para desenvolver totalmente as suas asas e, consequentemente, suas capacidades de voo, resultando nas performances inferiores que os cientistas observaram.

Um teste realizado pelos pesquisadores para comprovar essa ideia foi colocar uma espécie de invólucro ao redor de alguns ninhos. O invólucro permitia que os pássaros saíssem do ninho, mas não que voassem para muito longe, mas, sim, apenas até uma pequena distância, onde ainda estariam seguros. Após alguns dias, o invólucro seria retirado, e os animais poderiam voar para onde quisessem.

O resultado encontrado foi o de que os espécimes presos pelo invólucro de fato sobreviveram por mais tempo. Isso ocorreu porque, quando foram completamente soltos, suas asas já estavam mais desenvolvidas, permitindo que eles voassem melhor e escapassem de possíveis predadores.

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Outro fator influenciado pela saída dos jovens do ninho é o risco corrido pelos pais dos pássaros por causa da sua permanência nesse habitat. Embora o perigo existente para aqueles que voam para longe enquanto são novos seja grande, devido à primitividade de suas asas, o risco de ataque de seres ameaçadores ao ninho é tão maior quanto mais animais estiverem nele. Por isso, quando um passarinho vai para longe, a chance de que o local em que ele vivia (e onde o resto de sua família vive) seja atacado diminui. Dessa forma, percebe-se um conflito de interesses entre os que saem do ninho (mais novos), que seriam beneficiados por uma estadia mais longa que permitiria o desenvolvimento total do seu corpo, e os que lá permanecem (mais velhos), que têm chance elevada de se tornarem vítimas de predadores no caso de um ninho cheio.

A conclusão final dos cientistas foi a de que os pássaros jovens e seus pais chegam a um tipo de acordo, uma espécie de meio termo. Os mais novos saem do ninho antes do que seria ideal para eles, mas depois do que seria perfeito para seus ascendentes, que correm maiores riscos de ataque por sua causa. Assim, nenhum dos dois lados é extremamente prejudicado, permitindo a vida harmoniosa entre os componentes das famílias e dessa subordem de forma geral.

 

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