Pesquisadores brasileiros identificam nova espécie de peixe pré-histórico
Depois de cinco anos debruçados em cima de um fóssil da Antártida, cientistas batizam exemplar de Antarctichthys longipectoralis

Em uma expedição científica à Antártida, realizada há cinco anos, pesquisadores brasileiros encontraram um fóssil, tão bem preservado, que foi trazido para o país para um estudo mais aprofundado. Recentemente, quando a equipe conseguiu finalizar o longo estudo com a sua reconstituição tridimensional. O peixe media entre 8 e 10 centímetros, cabeça longa, corpo delgado e pequenos espinhos neurais. Batizado de Antarctichthys longipectoralis, a espécie viveu entre 145 e 66 milhões de anos atrás, durante o período Cretáceo.
A descoberta, publicada na última segunda-feira, 11, na Revista Nature, é resultado do trabalho de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A reconstituição do Antarctichthys foi realizada por meio da microtomografia, técnica semelhante a uma tomografia médica, que possibilita obter imagens internas de objetos por meio de raios X, mas sem danificar o fóssil.
O processo permitiu gerar projeções em alta resolução. Posteriormente, elas foram integradas, permitindo a reconstrução dos tomogramas, ou seja, das “fatias” em alta resolução das partes do peixe. Para reconstruí-lo, usaram mais de 2 mil imagens, que serviram de base para modelar o espécime tal como era no período pré-histórico.
Embora ainda pouco explorada pela paleontologia, a Antártica guarda pistas fundamentais sobre a evolução da vida no hemisfério sul e as conexões históricas que moldaram a biodiversidade atual da região. Daí a importância das expedições científicas. Essa, que levou a descoberta do Antarctichthys, fez parte do Projeto Paleontar, vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que busca estudar o passado da vida na Antártica, com foco nos fósseis e a relação com a América do Sul. O que a descoberta significa? “Sinaliza que a área da Península Antártica provavelmente possuía um clima mais quente e maior biodiversidade durante o Cretáceo”, diz a bióloga Valéria Gallo, professora do departamento de zoologia da Uerj.
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