Astrônomos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram a existência de um anel “impossível”, em volta de um planeta anão, nos confins do Sistema Solar. O fato foi publicado na revista Nature nesta quarta-feira, 08.
O disco de partículas que orbita o corpo celeste desafia as leis da física. Isso porque ele contraria o “limite de Roche”, estabelecido no século XIX, que define uma distância mínima de 1.750 km para que o anel possa existir.
Segundo a teoria, caso a distância entre o astro e as partículas seja maior, o disco começaria a se aglutinar, formando um satélite natural, como a Lua. No entanto, o planeta Quaoar, com seus míseros 555 km de extensão, colocou esses estudos em xeque. A pequena rocha tem um anel localizado a 4.100 km de seu corpo central, ultrapassando em quase 2.5 vezes a distância estabelecida pela teoria.
O fator mais importante da descoberta não é a existência do anel em si, mas sua localização tão afastada, conta Bruno Morgado, pesquisador do Observatório do Valongo. “É a primeira vez em que estamos vendo isso”, diz o professor. Ele também destaca a crença dos cientistas de algum efeito de alteração gravitacional no planeta ser o responsável por permitir a existência do anel em formato original. Esse é o terceiro astro anão descoberto que apresenta anel – sendo Haumea e Chariklo seus antecessores – mas o primeiro a “quebrar” o limite de Roche.
A pesquisa contou com a colaboração de cientistas da França e da Espanha, além de astrônomos amadores de diversos lugares do mundo.