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Por que o Brasil foi o primeiro a sequenciar o genoma do coronavírus?

Pesquisadora que coordenou projeto genético explicou a VEJA o pioneirismo brasileiro, além dos perigos e funcionamento do vírus

Por Sabrina Brito Atualizado em 6 mar 2020, 16h30 - Publicado em 6 mar 2020, 15h57

No último dia 28 de fevereiro, uma equipe de pesquisadores brasileiros de maioria feminina anunciou ter completado o sequenciamento do genoma do novo coronavírus, o Covid-19. O grupo, coordenado pela médica Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP, revelou o feito apenas 48 horas depois da detecção do primeiro caso da doença no Brasil.

Agora, com treze pacientes confirmados no país, a doutora Ester falou a VEJA sobre a importância da empreitada e os perigos do coronavírus.

Quanto tempo levou para realizar o sequenciamento do genoma do Covid-19?

Foram 24 horas. O tempo reduzido é resultado da ajuda de novas tecnologias, que otimizam os processos do sequenciamento.

Qual a utilidade prática desse sequenciamento?

Ele nos fornece diversos dados sobre o vírus, os quais podem ser utilizados na produção de vacinas, no desenvolvimento de tratamentos ou até mesmo nos diagnósticos.

Por que o Brasil foi o primeiro país a fazer esse sequenciamento?

Desde que o país passou por epidemias de zika e dengue, o nosso grupo estava trabalhando em aprimorar os testes de sequenciamento, em uma tentativa de entender mais sobre essas doenças. Estávamos envolvidos com o sequenciamento genético há muito tempo. O resultado desses esforços é que fomos mais rápidos, porque já estávamos prontos.

Trata-se de um vírus novo?

No mundo, não, mas, para os humanos, sim. Acreditamos que o vírus afetasse algum animal, provavelmente o morcego, até sofrer mutações e passar a infectar pessoas também. É importante lembrar que há, no total, sete tipos de coronavírus que nos adoecem.

Quão perigoso é o Covid-19?

O novo vírus mata menos do que outras epidemias recentes, como a gripe suína, mas é muito mais fácil de transmitir. Devemos nos preocupar, porém não em excesso. A doença é grave apenas em algumas pessoas, que desenvolvem pneumonia. Em outras, é como uma simples gripe.

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