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Pterossauros viveram na Península Antártica, mostra estudo de brasileiros

Pela primeira vez, pesquisadores identificaram a ocorrência dos répteis voadores no gélido continente

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 dez 2019, 17h16 - Publicado em 9 dez 2019, 16h13
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  • Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram identificar ossos de pterossauros na Península Antártica. O estudo, conduzido por cientistas vinculados ao Projeto Paleoantar, foi divulgado nesta segunda-feira (9). Em duas expedições, uma realizada entre 2015 e 2016, e a outra entre 2017 e 2018, os pesquisadores coletaram diversos materiais. Entre eles, um mesmo osso dividido em duas partes e outro fóssil, em um pedaço inteiro, sem rompimentos. A descoberta comprova, pela primeira vez, que pterossauros viveram na Península Antártica durante o período Cretáceo Superior, entre 100 milhões e 66 milhões de anos atrás.

    O Projeto Paleoantar reúne pesquisadores do Brasil, de diferentes instituições, como Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal do ABC, Universidade do Contestado e Universidade Federal de Pernambuco, além de pesquisadores estrangeiros, da Universidade de Munique, na Alemanha, e da Universidade de Alberta, do Canadá. O fóssil que foi encontrado inteiro, na Ilha de Vega, um metacarpo de uma asa, estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro quando o prédio pegou fogo. O material foi resgatado, e o primeiro “sobrevivente” do incêndio a ser tratado cientificamente para dar continuidade a pesquisas científicas. Com a confirmação da análise do material, os pesquisadores conseguiram determinar mais uma ocorrência do pterossauro.

    Por outro lado, as duas partes do mesmo osso, de uma falange de um dedo da asa, encontradas na Ilha de James Ross, estavam no laboratório dos pesquisadores e não foram danificadas pelo incêndio. Para o paleontólogo Alexander Kellner, líder do estudo e diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, o resultado demonstra como a ação de resgate é necessária para recuperar outros materiais.

    “O que descobrimos se configura como a primeira ocorrência de um pterossauro na península Antártica. É muito difícil de encontrar material por lá, o que demonstra a importância da pesquisa na região. Um esqueleto de dinossauro tem 230 ossos. Nós encontramos um, mas isso já é um passo largo”, explicou Kellner.

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    De acordo com Kellner, os pterossauros são parentes dos dinossauros, como se fossem irmãos ou primos. “Eles tiveram um ancestral recente em comum e cada um seguiu um caminho evolutivo de forma diferenciada. Alguns ficaram em terra firme, e os pterossauros foram os primeiros a desenvolver o voo ativo”, afirmou o cientista. A descoberta trouxe um novo marco para a pesquisa científica. “Havia uma ideia de que eles não seriam encontradas em áreas muito frias. Mas, entre 70 e 75 milhões de anos atrás, a Antártica era quente. Uma região com floresta e muitos animais. Mesmo assim, não sabíamos se os pterossauros seriam encontrados por ali”, explicou.

    Segundo o paleontólogo, esses répteis alados foram extintos há 66 milhões de anos. A Antártica começou a se congelar entre 30 e 25 milhões de anos atrás. “O ponto é demonstrar que os animais alados e de grande porte existiam inclusive no continente Antártico”, disse ele. Pela análise dos fósseis encontrados, os animais tinham entre 3 a 5 metros de abertura, na região da asa. 

    O fóssil recuperado do incêndio no museu felizmente sofreu poucos danos pelo fogo, e assim foi essencial para o estudo. “O grande barato, além da importância, é que o trabalho foi feito graças ao resgate no Museu Nacional. Temos que continuar a atividade de recuperação, pois lá há mais preciosidades como essa”, defendeu Alexander Kellner.

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