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Sete planetas “irmãos” da Terra são descobertos por cientistas

Estudo publicado na 'Nature' descreve sete planetas fora do sistema solar muito parecidos com a Terra -- alguns, possivelmente, capazes de abrigar vida

Por Rita Loiola Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 19h32 - Publicado em 22 fev 2017, 15h27

Cientistas anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de sete planetas muito parecidos com a Terra fora do sistema solar. Segundo o estudo, que ganhou a capa da revista Nature desta semana, os exoplanetas (planetas ao redor de estrelas diferentes do Sol) orbitam a zona temperada da estrela anã TRAPPIST-1, a 39 anos-luz de distância (cada ano-luz corresponde a 9,46 trilhões de quilômetros) do Sol. Isso significa que eles têm temperaturas que variam entre 0°C e 100°C, o que faz com que alguns deles possam ter água líquida sobre a superfície, condição essencial para o surgimento de vida. De acordo com os cientistas, a descoberta demonstra que planetas “irmãos” da Terra são abundantes no universo e podem ajudar na busca por sinais de vida fora do globo.

“É a primeira vez que tantos planetas desse tipo são encontrados ao redor da mesma estrela”, afirmou o astrofísico Michaël Gillon, da Universidade de Liège, na Bélgica, que liderou o estudo. 

Sistema TRAPPIST-1

 

Em maio de 2016, Gillon e seus colegas haviam anunciado que três planetas semelhantes à Terra orbitavam TRAPPIST-1. Motivado pela descoberta, o cientista decidiu aprofundar os estudos – Gillon chegou a afirmar, na época que, se o objetivo dos astrônomos é encontrar vida fora da Terra, a busca deveria começar por essa estrela. A equipe de astrofísicos utilizou dados do telescópio Liverpool, que fica nas Ilhas Canárias, e de telescópios espaciais, como o Hubble e o Spitzer, operados pela Nasa, para monitorar a estrela, o que permitiu a identificação de outros quatro planetas.

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Concepção de artística de como seria a superfície do exoplaneta TRAPPIST-1f
Concepção de artística de como seria a superfície do exoplaneta TRAPPIST-1f (JPL-Caltech/Nasa)

O estudo sugere que os planetas têm massas parecidas com as da Terra e, provavelmente, são rochosos. Os diâmetros dos sete exoplanetas descobertos variam entre 25% menor e 10% maior que o do nosso planeta. Segundo os pesquisadores, observações adicionais ainda devem caracterizar com exatidão os novos planetas, principalmente o mais distante da estrela, cujo período orbital e interação com os outros planetas ainda são desconhecidos. Porém, eles sabem que três dos sete planetas (o quarto, o quinto e o sexto) estão na zona habitável da estrela, o que significa que podem conter oceanos em sua superfície.

Segundo os resultados, o sistema TRAPPIST-1 é extremamente compacto, plano e ordenado. Os seis primeiros planetas completam a volta em torno da estrela entre 1,5 e 13 dias — enquanto o planeta mais próximo da estrela completa oito órbitas, o segundo, terceiro e quarto planetas giram respectivamente cinco, três e duas vezes ao redor do astro. Isso faz com que eles exerçam uma influência gravitacional periódica uns sobre os outros, provocando pequenas mudanças nos tempos de trânsito que foram usadas pelos pesquisadores para estimar as massas dos planetas. Além disso, o sistema é bastante compacto: comparados com o nosso sistema solar, todos os sete planetas estariam organizados até a órbita de Mercúrio, descrevendo voltas em torno da estrela rapidamente.

Candidatos à “nova Terra”

A estrela TRAPPIST-1 foi nomeada com a sigla que indica o telescópio que a descobriu, localizado no deserto do Atacama e chamado Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope. É uma estrela anã com brilho cerca de 2.000 vezes mais fraco que o Sol. Até recentemente, os cientistas costumavam buscar indícios de vida fora da Terra em estrelas parecidas com a nossa. Mas, como estrelas tão brilhantes costumam ofuscar os planetas que estão ao seu redor, os astrônomos resolveram focar em estrelas menores.

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De acordo com estimativas dos cientistas, pelo menos uma em cada cinco estrelas como o Sol tem pelo menos um planeta do tamanho da Terra em sua zona habitável. Isso significa que só na Via Láctea podem existir 11 bilhões de planetas como o nosso. Se na conta entrarem os planetas ao redor de estrelas anãs, o número sobre para 40 bilhões. Os pesquisadores acreditam que existam doze estrelas fracas, como a TRAPPIST-1, para cada estrela semelhante ao Sol. Ou seja, em toda a galáxia, há bilhões de planetas como o nosso orbitando estrelas longínquas.

“Nos últimos anos, há evidências crescentes que planetas do tamanho da Terra são abundantes na galáxia, mas os resultados de Gillon e sua equipe indicam que esses planetas são ainda mais comuns do que pensávamos”, afirma o astrofísico Ignas A. G. Snellen, professor da Universidade Leiden, na Holanda, em comentário que acompanha o artigo da Nature.

De acordo com os cientistas, as próximas fases do estudo tentarão descobrir se os planetas têm atmosfera e como elas se comportam. Dados dos telescópios existentes devem ajudar, mas os astrônomos consideram que as informações trazidas pelo telescópio espacial James Webb, que será lançado em 2018, serão fundamentais. O instrumento será especializado na análise da atmosfera de exoplanetas e deve procurar substâncias que só poderiam ser geradas por organismos vivos, como os seis elementos essenciais à vida (carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre). De acordo com os cientistas, se houver vida em estrelas anãs fracas como TRAPPIST-1, em cerca de uma década, ela poderá ser encontrada.

Concepção artística que mostra como seria o sistema planetário da estrela TRAPPIST-1, com base nos dados sobre o diâmetro, massa e distância da estrela
Concepção artística que mostra como seria o sistema planetário da estrela TRAPPIST-1, com base nos dados sobre o diâmetro, massa e distância da estrela (JPL-Caltech/Nasa)
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