A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) deu um passo importante em direção ao problema mundial da inclusão dos refugiados. Inaugurou um ambulatório gratuito de assistência à saúde para essa população – o mais estruturado que se tem notícia. O serviço conta com o apoio do Hospital São Paulo em casos que forem necessários exames mais complexos ou cirurgias. O núcleo conta com 40 médicos voluntários, além de psicólogos e tradutores.
“Já temos especialistas em francês e árabe”, diz Murched Omar Taha, professor de técnicas cirúrgicas da Unifesp e idealizador do projeto. “O fato de os refugiados não falarem português dificulta muito o atendimento clínico. Os tradutores ajudam muito nesse processo.”
O Núcleo de Assistência à Saúde do Refugiado servirá de base para uma pesquisa mais ampla que visa identificar os maiores problemas e necessidades da população. O objetivo do levantamento é evoluir no atendimento em cima dessa base a ser construída. Os agendamentos das consultas são realizadas pelos telefones (11) 93038-0101 e (11) 97153-9986 ou pelo e-mail refugiadossaude@huhsp.org.br.
O serviço começou em uma sala ainda pequena, porém, em breve, deve ser instalado em uma casa nos arredores da universidade. Até maio deste ano, o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) contabilizava 66 mil refugiados no Brasil. “São pessoas, em geral, com boa qualidade de vida e educação, obrigadas a deixar a pátria, e, quando chegam no Brasil, caem infelizmente em situação de miserabilidade”, diz Taha. “Imagine que minha esposa, que é ginecologista, atendeu recentemente uma afegã, cuja filha tinha acabado de se formar médica quando embarcaram para cá.”
Levantamentos do Acnur junto aos afegãos refugiados no Brasil confirmam as impressões do professor da Unifesp. A grande maioria (80%) tem ensino médio e a metade, superior. Desde 2021, quando o grupo Talibã voltou ao poder do Afeganistão, a população parte para em busca de uma nova pátria, entre elas, o Brasil.
Nesta quinta-feira, 13, a questão foi tema de discussão na Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo. O desafio está em sensibilizar o mercado e abrir portas para que essa população, em especial, seja absorvida pelas empresas. Iniciativas já começam a surgir por