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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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O problema de bicicletas e patinetes: os ciclistas e ‘patineteiros’

É o que se revela com infortúnios de serviços de aluguel de bikes e patinetes, como Yellow e Grin, cada vez mais populares no Brasil

Por Filipe Vilicic Atualizado em 24 jan 2019, 16h30 - Publicado em 24 jan 2019, 16h24
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  • Patinetes: como regularizar? (Caio Guatelli/VEJA)

    Se é morador de uma metrópole com serviços de aluguel de bicicletas e (agora um hype) patinetes, como a Yellow e a Grin, já deve ter se deparado com o problema. Falta o mínimo de educação e civilidade para uma boa parcela dos usuários. Em São Paulo, é praxe flagrar bicicletas e patinetes amarelos e verdes abandonados em meio a ruas, em frente à saída de garagens, em rampas para deficientes e em pisos táteis. Também não raro se depara com ciclistas e “patineteiros” apressados em alta velocidade nas calçadas. Tanto que a prefeitura paulistana estuda proibir a circulação de patinetes nesses locais.

    Antes que ciclistas e afins venham com acusações, é preciso esclarecer uns pontos. Sou um ciclista. Tenho minha magrela e ando nela com frequência. Gostaria de um dia abandonar de vez o carro e exclusivamente caminhar e pedalar. Tanto que, na última vez em que cogitei trocar de automóvel, abandonei a ideia em favor de uma vida mais sobre a bike.

    A questão é que, como motoristas precisam ter bom-senso e respeitar leis, o mesmo deve ocorrer com ciclistas e “patineteiros”. Hoje, não se pode pedalar em calçadas, só em ruas e ciclovias. Só que e se está perigoso demais, cheio de motoristas doidos, na avenida? A alternativa é descer da bike e virar pedestre por um trecho, até chegar a um ponto seguro para subir nela novamente.

    Em calçadas, como informa a própria Grin, patinetes têm de respeitar o limite máximo de 6 km/h. Mesmo em ciclovias e na rua, o máximo é de 20 km/h. No entanto, o próprio serviço admite que usuários se excedem. E muito. O comum é flagrar os “patineteiros” em alta velocidade, em qualquer lugar, visto que não existe nenhum tipo de trava no equipamento.

    Um colega de redação, Silvio Nascimento, levou recentemente como uma cruzada o empenho de combater a má educação desses em seu bairro, o Itaim. Por lá, flagrou uma penca de irregularidades: bikes e patinetes velozes, parados em frente à garagem de prédios, abandonados no meio da rua, impedindo o acesso de deficientes físicos etc. Em um caso, ele reclamou com um ciclista, que o ameaçou de agressão.

    patinete — piso
    Um dos flagras do colega Silvio Nascimento, de um patinete deixado no piso tátil (Silvio Nascimento/VEJA)

    Frente aos problemas, Nascimento contatou tanto a Yellow quanto a Grin. Os serviços pontuaram que orientam os clientes a se comportar e, quando avisados de equipamentos largados por aí, se dirigem ao local e os guardam em lugares apropriados. Porém, não punem os ciclistas e “patineteiros”, de forma alguma.

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    Disse a este blog Paula Nader, cofundadora da Grin: “Uma vez assisti a um vídeo de Londres quando os carros começaram a se disseminar pela cidade. Era um caos, o ambiente urbano não estava preparado. No caso das bikes e patinetes, também estamos num período de adaptação”. É verdade.

    Paula defende que o serviço só será adequado se for bom a “quem usa e quem não usa”. Por isso, ela acha mais adequado um sistema híbrido de distribuição das bicicletas e patinetes. Dessa forma, haveriam pontos fixos para pegar e devolver, e algumas regiões nas quais se poderia simplesmente estacionar tais veículos para deixar para o próximo usar.

    Mesmo assim, os problemas persistem. Como não existe punição, as pessoas estão nem aí para as orientações dessas empresas. Fazem simplesmente o que querem.

    Por outro lado, proibir seria regressar uns passos no avanço civilizatório. Bikes e patinetes fazem muito bem às cidades, sim. Estimulam moradores a descobrir seus bairros, a serem mais saudáveis etc. Além de, claro, tirar uns carros poluidores das vias, mesmo que por um tempo, e em determinadas situações. O que sempre é positivo. Em suma, promovem a sustentabilidade e o bem-estar.

    O que fazer, então? Parar de contar simplesmente com o bom senso dos indivíduos. Assim como as leis de trânsito não se baseiam no caráter de motoristas.

    Se Yellow e Grin lotaram São Paulo de bem-vindas bicicletas e patinetes, cabem a esses serviços resolver os problemas advindos dessas novidades. Assim como a Uber, por exemplo, já teve de lidar com diversas dores de cabeça de contornos similares.

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    Se um ciclista atropela um pedestre usando uma bike amarelinha da Yellow, ele poderia, sim, ser multado e banido do sistema. Se um outro ultrapassa a velocidade máxima no patinete (que tem velocímetro; e esse poderia ser monitorado pelo mesmo app pelo qual se alugam os patinetes), também deveria haver punição.

    Se essas empresas sabem bem restringir áreas de uso de seus equipamentos – bicicletas da Yellow não podem ser abandonadas em regiões dos bairros do Morumbi e do Butantã, em São Paulo, por exemplo; sem pagar uma multa por isso ao app –, também conseguiriam monitorar, por GPS ou câmeras embutidas, quando um cliente deixa uma magrela despejada numa rampa para deficientes e que dá acesso a uma calçada.

    Em outras palavras, se as inovações tecnológicas proporcionaram as facilidades trazidas com Yellow e Grin, cabem a essas mesmas empresas se apoiarem nas mesmíssimas inovações tecnológicas para mitigar os problemas causados por esses serviços. E qual seria a solução definitiva? A resposta também cabe a quem trouxe a questão à cidade. Mas tem de haver uma resposta.

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