‘Baladas Proibidas’: As revelações do ‘rei do ecstasy’
No livro, Gabriel Godoy conta a ascensão e queda de seu império da 'droga do amor'
A trajetória vertiginosa do “rei do ecstasy” chega às livrarias no dia 30 de janeiro. No livro Baladas Proibidas (Ed. Record, 210 págs.), o ex-traficante Gabriel Godoy conta ao jornalista Bolívar Torres sua ascensão meteórica no mundo das raves e chega a se autodenominar como o principal responsável pela popularização nas periferias da “bala” , droga sintética também conhecida como a “droga do amor”. E não apenas lá: seguiu seu reinado mesmo quando preso, dentro da penitenciária.
Com linguagem simples, o garoto de interior que começou a circular em altas rodas da sociedade como traficante conta uma vida de festa sem fim e deslumbramentos. Confira, com exclusividade, trecho do terceiro capítulo:
“3. O gosto pelo prazer
Campos do Jordão, inverno de 2008
Não demorou muito para a abstinência me atacar. Fora de temporada, o litoral ficava deprimente demais, e eu não estava disposto a aguentar até o próximo ano. Uma tarde, reclamei da falta de movimento para um comerciante local, que me explicou a situação. No inverno, as principais baladas eletrônicas do litoral migravam para Campos do Jordão, município paulista na Serra da Mantiqueira. ‘Você vai gostar de lá’, ele me disse, ‘é bonito e charmoso; a Europa brasileira.’ Achei aquilo instigante e levei fé. Fui logo chamando Lucca e outros traficantes do litoral, mas nenhum quis me acompanhar. Disseram que precisavam ficar com a família e inventaram mil desculpas, talvez com medo de se aventurar em território desconhecido.
Só que eu já tinha batido o martelo. Iria desbravar mais um mercado, nem que fosse sozinho. Segurei as pontas no litoral mais algumas semanas e então fui para São Paulo pegar mil balas com Gordinho. Dessa vez, veio a Cupido Azul, uma bala que aumenta o prazer no sexo. Arrumei minhas malas e, no início de junho, embarquei para Campos do Jordão de manhã cedo.
Eu tinha pesquisado sobre o lugar, mas não estava preparado para o que vi. Aquilo era completamente diferente de tudo que conhecia até então. Era tanta luz na rua, nos comércios, nas árvores… parecia uma eterna noite de Natal. Mas eu também não havia me preparado para o frio. Não tinha trazido nenhum casaco e a mudança brusca de temperatura me pegou em cheio. Coloquei várias camisetas uma por cima da outra, comprei uma touca, uma luva na lojinha da rodoviária e peguei um táxi até o shopping para comprar roupas mais quentes. Lá, me impressionei com o desfile de carrões e de mulheres bem-vestidas. Não conhecia a Europa, mas se tinha um lugar no Brasil que chegasse perto, devia ser mesmo aquele.
Peguei outro táxi e, dessa vez, pedi ao motorista para me levar ao melhor hotel da cidade. Conversando com ele, soube que as baladas aqui abriam cinco dias por semana nessa época do ano. Como Maresias no verão, o fluxo de turistas era constante, o que podia significar altas vendas. Estava com pressa para explorar a noite local e descobrir como as pessoas se divertiam em um clima tão diferente. Decidi começar pela Kiss & Fly, uma boate renomada de que eu havia ouvido falar muito. Entrei direto no camarote VIP, que custava 300 reais, e pedi minha combinação preferida: vodca, uísque e energéticos. Para fazer as vendas acontecerem, no entanto, faltava o combustível certo: mandar um ecstasy para dentro e esperar que a onda me pegasse.
Os negócios começaram pela mesa ao lado. Quase dez pessoas perto de mim, homens e mulheres. Vi a mina conversando ao longe com o namorado e saquei um tubo de lança-perfume que havia escondido dentro da calça.
Ao ver meu produto, ela me apontou com o dedo para o namorado. O boy colou.
‘E aí, tem como arrumar um desses pra vender?’
Estava vendo de perto a vida íntima daquelas pessoas que torravam dinheiro loucamente, sem se preocupar com o amanhã (…) A verdade é que, se não dependessem de mim para conseguir bala, aquela galera não me daria nem boa-noite — muito menos me chamaria para uma festa particular.
Eu só tinha aquele — afinal, não era fácil passar pela revista com tubos. Não ia vender. Mas nunca fui de negar baforada a ninguém. ‘Chama tua mina aqui pra dar um pega’, respondi. Quando disse que também poderia arrumar bala, seus olhos brilharam. Foi até engraçado.
‘Bala? Claro que quero, quantas você tem?’
Ele reuniu dinheiro com a sua galera e comprou quinze comprimidos. Depois daquela primeira transação, não parei mais. De dança em dança, de boca em boca, de olhar em olhar a notícia foi se espalhando e os playboys começaram a comprar. Só naquela noite vendi 150 balas numa média de 50 reais cada e ainda criei amizade com aquele grupo que estava ao meu lado. Curtimos a balada juntos e depois eles ainda me chamaram para um after fechado, na casa onde estavam hospedados.
Mais uma vez, eu ia me infiltrando no mundo da alta sociedade. Estava vendo de perto a vida íntima daquelas pessoas que torravam dinheiro loucamente, sem se preocupar com o amanhã. Eram as drogas que haviam me colocado ali, em contato direto com a elite do país. Filhos de empresários, herdeiros de vida fácil, alguns ainda na faculdade, outros formados em direito, medicina… Eu sequer havia terminado o colégio. Tínhamos origens e histórias de vida opostas, e eu sabia que, na teoria, não era para estarmos juntos, na mesma sala, dividindo os mesmos papos, os mesmos produtos de luxo, a mesma vida despreocupada. A verdade é que, se não dependessem de mim para conseguir bala, aquela galera não me daria nem boa-noite — muito menos me chamaria para uma festa particular.
E no entanto eu estava lá, como uma criança espiando adultos pela fechadura. Olhava ao redor e tentava não boiar com as perguntas que me faziam: ‘Já foi à Europa?’, ‘Já investiu na bolsa?’, ‘O que está achando da cotação do dólar?’ Falavam dos points badalados de Miami, dos melhores lugares para comprar uma mansão na praia, ou da Hyundai Tucson que uma das meninas havia acabado de ganhar do pai de aniversário de 18 anos. Eu ia respondendo do jeito que dava: ‘Europa eu pretendo ir em breve’, ‘Sem saco para a bolsa, prefiro investir em propriedades’, ‘Não gosto de dirigir’ — era assim, olho no olho, aprendendo na marra, colocando minhas opiniões, tentando não soar como um ignorante do interior. Minha escola era a da rua, e não sei se era a onda da bala ou a ilusão de estar assumindo outra vida, mas naquela noite tive certeza de que eles me respeitavam. Não me viam como um traficante qualquer, mas como um cara fácil de falar, um amigo que acompanharia o ritmo daquela galera.
Achava incrível que pessoas tão instruídas não tivessem nenhuma informação sobre o que consumiam. Compravam drogas sem saber nada a respeito delas. Naqueles últimos meses, eu havia aprendido muita coisa sobre o produto que eu vendia, e respondi a todas as perguntas que eles me fizeram. As dúvidas eram básicas: como a droga é feita? Por que tem várias cores e nomes? Onde você pega? É perigoso? Eu não podia dizer tudo que eles queriam; não ia dar a receita, mas precisava pelo menos oferecer a eles uma amostra da história real.
Achava incrível que pessoas tão instruídas não tivessem nenhuma informação sobre o que consumiam. Compravam drogas sem saber nada a respeito delas.
Ficamos bebendo e batendo papo até as 16 horas do dia seguinte. Como estava me dando bem com uma garota do grupo, levei-a para o meu hotel. Era uma linda morena clara, cabelo preto tipo jabuticaba, filha de um grande empresário do ABC paulista. Tinha a mesma idade que eu, 19 anos, e cursava psicologia na PUC de São Paulo. Dava para sentir que era a menina dos olhos do pai, uma filha comprometida com as expectativas da família. Ela me disse que o pai a fazia prometer que iria se comportar. A maior preocupação dele, contou, era que se envolvesse com drogas — até segurança particular já tinha colocado na sua cola. A mina estava em uma bolha social, mas gostava mesmo era de adrenalina. Desde que saíra da minha cidade, eu havia conhecido várias iguais. Os pais as enchem de medo, de mentiras sobre os ‘perigos’ da noite, mas nunca mandam a real. Nunca têm um diálogo aberto sobre o que é o verdadeiro mundo lá fora.
Na nossa conversa, joguei limpo desde o início. Detalhei os efeitos das balas, o que cada uma delas provocava e que tipo de cuidado tomar. Claro que o ecstasy tem coisas ruins, expliquei: dá muita sede, deixa o maxilar travado e faz os dentes rangerem. Às vezes, causa náuseas e tonturas. Por outro lado, é uma droga que não vicia fácil como o pó, você não toma para ir trabalhar no escritório, por exemplo. Não sei por que estava sendo tão didático — didático até demais. Talvez porque quisesse mostrar meu conhecimento sobre o assunto, talvez porque desejasse que alguém tivesse falado comigo assim em algum momento da minha vida. Ou então estava apenas com raiva do pai rico da garota. Vai saber. Eu disse a ela que a atitude do velho estava errada, que ele não podia privá-la da autonomia dela. Só que quanto mais eu falava, mais lança usávamos — e mais loucos ficávamos.
A onda estava ficando gostosa, mas não era suficiente para ela. A mina queria mais. ‘Você quer ficar louca mesmo?’, falei. ‘É isso que você quer?’ Ela fez que sim com a cabeça e eu respondi: ‘Então vamos tacar o foda-se.’
Quebrei uma bala no prato com a colher e espremi até virar pó. Era a primeira vez que eu experimentava aquilo. Se tomando uma bala, que demora para dissolver no estômago, você já fica loucão, imagine aspirando direto para o cérebro. Foi surreal. Cheirávamos fileiras de quatro centímetros em cima da mesa. A brisa era digna, muito digna. Dez vezes mais acelerada, uma onda instantânea e duradoura. Meu queixo até tremia.
Ligamos o som do quarto e viajamos nas vibrações que nos cercavam, inquietos, pelados, bebendo uma cerveja atrás da outra. Não estava mais frio no quarto. Demos outro tiro, e mais uma bala moída, depois outro tiro. A pupila dos olhos dela parecia prestes a explodir. Conversávamos sobre tudo, transávamos, parávamos e transávamos de novo. Estava alucinado pela nova descoberta e por uma certeza: a de que havia arrastado aquela menina mimada para uma viagem em que seus amigos playboys jamais a levariam.
Na manhã seguinte acordamos cansados demais para fazer qualquer coisa. Ela foi embora e eu passei o dia à toa. Fui dormir cedo e só ao acordar no outro dia percebi o tempo precioso que havia perdido. Contrariando meus próprios planos, faltara a duas noites de balada.
Depois dessa experiência incrível, mas desgastante, decidi que isso não se repetiria. Eu havia prometido a mim mesmo que chegaria a Campos do Jordão para dominar aquele mercado, não para bater papo e dormir.
Essa era a diferença entre mim e os playboys: a balada era meu ganha-pão, eu não podia ficar à toa que nem eles. Comecei a frequentar o maior número de eventos possíveis em uma mesma noite. Via os clientes, vendia o ecstasy e já ia para outra balada repetir o mesmo processo. Já à tarde saía para a rua principal do comércio de Campos, alinhava as vendas e fazia novos contatos.
Aos poucos, passei a encontrar grande parte dos amigos e clientes que havia feito na praia. O público das festas eletrônicas era basicamente o mesmo, ia migrando de um lugar a outro ao longo do ano. Às vezes, porém, surgiam surpresas. Como a noite em que eu estava na área VIP de uma balada e uma pessoa que já tinha comprado droga comigo pediu dois comprimidos para um amigo. Na hora, reconheci o ‘amigo’. Era um ex-atleta olímpico, campeão de natação, que sempre aparecia na TV. Ao ver um dos melhores atletas do mundo abocanhar uma das minhas balas, me senti o traficante mais quente do pedaço. ‘Realmente, meu ecstasy está indo longe’, foi a primeira coisa que pensei, mas em seguida passei a questionar outras coisas. Se um cara tão famoso e admirado, um exemplo de saúde aos olhos da sociedade, consumia meu produto sem medo de ser feliz, então por que o meu negócio continuava visto como ilegal e perigoso? Por que eu era um bandido, e ele, uma figura respeitável?
Depois de meses engolindo bala regularmente, talvez eu estivesse ficando resistente, pensei. Esperei horas com os meus amigos, até que o sol começou a raiar. ‘A alegria vem ao amanhecer’, diz o ditado
Era uma pergunta sem resposta, e eu continuei tocando minhas vendas do mesmo jeito. Campos do Jordão tinha que ser mais trabalho do que curtição, e eu estava seguindo rigorosamente meus planos. Agora, mesmo no frio e em um ambiente distinto, me sentia novamente em casa. Com uma diferença: em Campos, havia muito menos concorrência. Nas boates, meu produto dominava, fazendo o lucro explodir. Em vinte dias eu havia vendido todos os mil comprimidos e, ao final da temporada de dois meses, depois de pegar mais droga com Gordinho em São Paulo, negociara quase 3 mil unidades. Somando o que havia ganho em Maresias, acumulara nada menos do que 50 mil reais em um semestre.
Depois de quase sessenta dias buscando meu lugar na ostentação de Campos do Jordão, me preparei para a minha última balada na cidade. Era uma festa eletrônica a céu aberto em um sítio local, que estava sendo anunciada como o encerramento da temporada de inverno. Haviam sobrado duzentas balas e eu iria tentar ripar todas elas nessa noite — nem que fosse obrigado a vender pelo preço que comprara. Queria finalizar minha passagem por Campos em grande estilo.
A noite estava fria, com os termômetros da cidade marcando –1º C. Dentro do sítio devia ter pelo menos 2.500 pessoas. Cheguei cedo, disposto a curtir a festa, e, já na entrada, encontrei alguns amigos. Tomamos algumas balas para entrar no clima. Foram uma, duas, três, só que nada de diferente acontecia no nosso corpo. A bala não batia — o frio parecia congelar o MDMA do ecstasy.
Mesmo caretas, podíamos sentir o ambiente intenso da pista. Os DJs moíam a caixa, as mulheres se exibiam dançando com empenho. Meninas de 15 e 16 anos se afundavam como loucas na droga. Como em qualquer festa rave, idade não era problema. Seja na brisa do LSD, do ecstasy ou do lança, só importava a busca por aquele momento único, fugaz, em que todos parecem sintonizados na mesma energia.
Horas depois, a festa continuava forte. Mais sensíveis que os homens, as minas foram ficando cada vez mais fritas. A nossa onda perfeita, no entanto, não vinha. Depois de meses engolindo bala regularmente, talvez eu estivesse ficando resistente, pensei. Esperei horas com os meus amigos, até que o sol começou a raiar. ‘A alegria vem ao amanhecer’, diz o ditado — e foi exatamente o que aconteceu. Por volta das 7 horas da manhã, enquanto o dia nascia na serra, a onda atrasada nos pegou de surpresa.
A neblina já se dissolvia, a cada minuto o clima esquentava. O contato com os raios de sol pareciam ter acordado o nosso corpo para as drogas, e os três comprimidos de ecstasy no estômago explodiram ao mesmo tempo. Nós nos olhávamos sem acreditar: que brisa, mano! A visão saía do lugar, a vodca era bebida como água, cigarros fumados uns atrás dos outros. Eu gritava loucamente:
‘Vamo que vamo, agora sim, porra!’
Óculos no rosto, blusa jogada em algum lugar, eu me acabava na pista. Perdi a noção do tempo e do espaço por algumas horas — até que, olhando ao longe, uma imagem me fez voltar à realidade. O sol batia forte e meu corpo suava quando a vi pela primeira vez, baforando um loló em uma latinha de Coca-Cola. Loira, cabelos compridos, uma fênix tatuada entre as costas e ombro. Era linda demais. Dançava com muito estilo em meio a um grande grupo, mas parecia estar solteira. Não aguentei e me aproximei dela com a desculpa de querer comprar loló, que é uma espécie de cópia caseira e econômica do universitário.
‘E aí, loira, sabe onde eu consigo um desse pra negócio…?’, perguntei.
‘Pô, parça, meu estoque tá acabando, mas até posso vender’, ela respondeu.
Opa, pensei, então ela também é do ramo. Aquele jeito de falar não deixava dúvidas. No mesmo instante tirei meus óculos e olhei fundo em seus olhos. Os raios atrapalhavam minha visão e o ecstasy ainda estava pegando, mas nada disso abalou minha certeza. Eu estava diante da mulher mais perfeita da festa. E ela vendia drogas.
‘Loira, agora só falta você me falar que também vende bala e é solteira’, brinquei.
Ela me olhou sinuosa e eu fiquei ali imóvel, com um sorriso congelado, ansioso pela resposta.
‘Vendo, mas hoje não tenho mais… E, sim, sou solteira. Pessoal aqui é tudo parceiro.’
Era tudo o que eu queria ouvir, já podia soltar uma cantada doida. ‘Então, prazer, meu nome é Gabriel, o anjo enviado para a sua vida’, eu disse lentamente em seu ouvido. Saquei o pacote de ecstasy que tinha no bolso e, antes que ela falasse qualquer coisa, enfiei uma bala em sua boca. Tomei outra em seguida, coloquei meus óculos de volta, peguei na mão dela e disse: ‘Agora vamos dançar’.
A mina sorriu novamente e foi no embalo. Trocamos altas ideias enquanto dançávamos e percebemos que tínhamos muito em comum. Depois de nos acabarmos na pista, fomos ao bar comprar bebida. Eu não ia sair de lá apenas com um drinque. Pedi a melhor garrafa de uísque e mais um Chandon, porque um dia como aquele merecia uma comemoração.
Enquanto brindávamos, ela falou mais sobre sua vida. Chamava-se Mel, vivia em São Paulo, era formada em administração de empresas e vendia bala e loló nas festas. Quanto mais falava, mais eu me encantava. Ela tinha todos os requisitos que um maloqueiro poderia querer. Mina de presença, sabia trocar ideia, tinha um jeito meigo, dançava, brincava, me deixava louco.
Não queria perder mais tempo. Fui de poucas palavras: durante uma dança puxei-a pelos braços e a beijei com vontade. A partir daí, não nos largamos mais. Passamos a festa inteira juntos, nos agarrando sem parar. Os meus amigos até brincaram, dizendo que estávamos ‘com cola na boca’. O fato é que foi um encontro diferente, não apenas físico. Era uma química rara, mas a festa estava chegando ao fim.
Ela iria viajar naquela mesma madrugada. Tinha que voltar para o hotel e descansar para a viagem. Fiquei frustrado de não sair da festa com ela, mas entendi que tinha compromisso marcado e que, de fato, não podia me acompanhar. Trocamos telefone, nos beijamos uma última vez e cada um seguiu o seu caminho. Eu não via a hora de ligar para ela, mas de tão louco acabei perdendo meu celular e nem me dei conta. Só no outro dia, quando acordei no hotel, percebi o sumiço. Revirei o quarto umas dez vezes e nada. Meu celular tinha desaparecido, e com ele a minha única chance de reencontrar Mel.
Ao deixar Campos do Jordão, tentei convencer a mim mesmo que aquela era só mais uma mina que cruzara o meu caminho. A vida tinha que seguir — e os meus negócios também.”