Uma única vaca marinha foi atacada por tubarão e crocodilo, revela fóssil
Pesquisa paleontológica revela papel dessa espécies extinta na cadeia alimentar
Há algo entre 23 e 11,6 milhões de anos, um animal peculiar chamado cientificamente de Culebratherium sp, um ancestral das vacas marinhas, era uma presa comum. E um fóssil encontrado agora revela que elas não tinham uma vida nada fácil: o espécime escavado na Venezuela foi atacado não por um, mas por dois predadores, um crocodiliano e um tubarão tigre.
Com base nas marcas encontradas no esqueleto (crânio e vértebras), os pesquisadores acreditam que o animal foi primeiro atacado por uma espécie parente dos crocodilos. Depois da morte, as carcaças serviram de alimento para um tubarão tigre. “Hoje em dia, muitas vezes quando observamos um predador na natureza, encontramos a carcaça da presa, o que demonstra sua função como fonte de alimento”, diz Aldo Benites-Palominomas, autor do artigo publicado no Journal of Verterbrate Paleontology, em comunicado. “Mas registros fósseis disso são mais raros.”
Como os pesquisadores chegaram a essas conclusões?
Uma marca mais fraca da mordida do crocodilo foi encontrada no focinho e outra mais incisiva foi vista nas vértebras, o que sugere que essa foi a causa da morte, possivelmente em decorrência de um giro mortal, técnica até hoje utilizada por espécies desse tipo, como visto no vídeo abaixo. O ataque de um tubarão carniceiro foi evidenciada por um dente da espécie Galeocerdo aduncus encontrado no pescoço da presa.
O estudo ajuda a elucidar como funcionava a cadeia alimentar durante o mioceno médio, quando esses animais viveram. “Nossa pesquisa anterior identificou cachalotes que foram caçadas por várias espécies de tubarões, e esta nova pesquisa destaca a importância das vacas marinhas na cadeia alimentar”, diz Benites-Palominomas.
O trabalho também ajuda a destacar a importância desse sítio paleontológico venezuelano. Descoberto há pouco tempo após comunidades locais relatarem a presença de rochas não usuais, os pesquisadores afirmam que esse é um bom local para encontrar fósseis bem preservados de predadores marinhos, o que ajudará a entender melhor como funcionava a dinâmica alimentar quando estes gigantes pré-históricos dominavam a maior parte do mundo.