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Uma bobagem perigosa

É ilusão achar que se vai neutralizar a violência política eliminando o rival

Por Alon Feuerwerker Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h25 - Publicado em 16 jul 2022, 08h00
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  • AME2063. RIO DE JANEIRO (BRASIL), 07/07/2022.- El expresidente Luiz Inácio Lula da Silva habla hoy durante el acto de campaña Sempre Juntos Pelo Rio en Cinelândia, en el centro de Río de Janeiro (Brasil). Lula es el candidato presidencial que encabeza las encuestas para las elecciones generales brasileñas a realizarse en octubre. EFE/André Coelho
    Ex presidente e pré candidato Lula, durante campanha no Rio de Janeiro. (Foto: André Coelho/EFE)

    É razoável relacionar a estabilidade e a paz política com a capacidade de o Estado construir consensos majoritários. E são duas as ferramentas fundamentais para essa construção: o convencimento da sociedade com e sem coação. Na vida real, a resultante é sempre uma combinação dos dois vetores.

    Nenhum governo se sustenta apenas com base na força, mas governos que não têm força tampouco param em pé. E em democracias constitucionais plurais como a nossa os governos dependem também de uma variável externa a eles: os grupos sociais hegemônicos, mesmo os opostos, conseguirem dialogar e alcançar convergências. Algo como uma mútua aceitação, ainda que implícita.

    Não há estabilidade e paz possíveis se largos contingentes sociais e partidários enxergam-se simplesmente excluídos do edifício político-cultural quando perdem uma eleição. Tampouco haverá normalidade política nos sistemas fechados em que um grupo considere insuportável a convivência com o antípoda. Isso deveria ser óbvio.

    A ideia original da Nova República de 1985 era pôr em prática um pacto informal para garantir a todos os políticos relevantes o acesso ao poder, por eleições diretas. Ganhar, governar e, quando perder, esperar pela próxima eleição. E por um período o convívio entre as diversas forças foi essencialmente institucional, com um soluço: o impeachment de Fernando Collor, ocorrido em 1992.

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    “Os políticos precisam responder rapidamente aos estímulos externos, sempre de olho no que a turba vai achar”

    Os estudiosos um dia diagnosticarão onde a maionese começou a desandar, mas aquele episódio tem boa chance de figurar com destaque. Ali voltou a dar as caras uma cultura do “nunca mais”. Cada eleição passou a ser vendida como a derradeira oportunidade de o país salvar-se do mal. E, numa imagem, escolher um salvador da pátria. Que, convenientemente, precisa chegar ao poder, ou continuar nele, para salvar a pátria ao livrá-la do indesejável “outro”.

    Mas e se o “outro” reúne, digamos assim, pelo menos um terço do eleitorado do país? Aí complica. É muita gente. Veja-se o ocorrido com o Partido dos Trabalhadores e seu líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não só sobreviveram à guerra de extermínio, hoje estão em posição eleitoral auspiciosa. A mola, quanto mais comprimida, mais acumula energia potencial à espera de se soltar.

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    A quem antes de tudo interessa a paz política? Ao poder. Seria razoável então supor que dele viessem as iniciativas para incluir, fagocitar e digerir as resistências externas. Mas a era da hiperconectividade e das redes introduziu um complicador: os políticos precisam responder rapidamente aos estímulos externos, sempre de olho no que a turba vai achar. Turba que hoje exibe um poder próprio e invejável.

    A violência política explícita (a implícita sempre foi parte do jogo) é simultaneamente consequência e realimentadora desse arcabouço. E a ilusão maior é achar que se vai neutralizá-la seguindo no jogo de caça e caçador até conseguir, finalmente, eliminar o adversário.

    Em momentos históricos singulares, alguns países tiveram a sorte de encontrar personagens capazes de entender que isso é simplesmente bobagem.

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    Publicado em VEJA de 20 de julho de 2022, edição nº 2798

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