Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99

Alon Feuerwerker

Por Alon Feuerwerker Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Uma frente difícil

Alianças só se concretizam quando há uma ameaça externa maior

Por Alon Feuerwerker Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h41 - Publicado em 26 set 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Por que os opositores não se reúnem numa frente ampla contra Jair Bolsonaro? A explicação está ao alcance. Qual dos candidatos a participar da frente vê no capitão uma ameaça significativamente maior que a representada pelos possíveis aliados táticos contra o presidente da República?

    Pois seria simples de resolver.

    Bastaria todos firmarem o compromisso de apoiar quem for ao segundo turno contra Bolsonaro. Se o presidente estiver no segundo turno. Poupariam tempo e energia. E cada um faria seus próprios comícios, passeatas e que tais. Sem o risco de ser apupado pelos amigos de hoje, que amanhã voltarão a ser os inimigos de ontem.

    Qual é o obstáculo? Em largas parcelas do espectro político-social-­empresarial apoiar Bolsonaro ou manter certa neutralidade, no primeiro ou no segundo turno, continua sendo uma opção à mesa. E alianças políticas só se consolidam quando se cristaliza a consciência, ou a circunstância, de uma ameaça externa qualitativamente maior.

    Um exemplo aliancista sempre lembrado é o da Frente Ampla costurada por Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek, que tentou atrair João Goulart. No fim, o regime militar implodiu a articulação e ela acabou sendo o canto do cisne político dos três.

    Continua após a publicidade

    Eram inimigos e só começaram a conversar sobre juntar-se quando a ameaça existencial política já tinha desabado ou estava apontada para todos eles. Lacerda fora um líder de 1964. E JK votara no marechal Castelo Branco na eleição indireta para substituir o deposto Jango.

    “Em largas parcelas da sociedade, apoiar Bolsonaro ou manter certa neutralidade ainda é uma opção à mesa”

    Outro episódio de referência é a II Guerra Mundial. União Soviética, Estados Unidos e Reino Unido juntaram-se para derrotar a Alemanha. O incauto pode ser induzido a acreditar na fábula das três potências que certa hora decidiram salvar a humanidade, deixaram para depois as diferenças e deram-se as mãos na urgente tarefa comum.

    O Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha quando esta invadiu a Polônia, mas britânicos e franceses esconderam-se numa guerra de mentirinha (phoney war), ou pelo menos de baixa intensidade, até os alemães atacarem a França.

    Continua após a publicidade

    A União Soviética só passou a combater a Alemanha quando foi invadida por ela, em junho de 1941. Antes, firmara em 1939 um pacto de não agressão com Berlim, para neutralizar a pressão que britânicos e franceses faziam sobre os alemães para que estes atacassem os soviéticos. E os Estados Unidos só entraram na guerra quando atacados pelos japoneses em Pearl Harbor, em dezembro de 1941.

    Súditos da rainha, liderados de Stalin e comandados por Roosevelt só se deixaram arrastar diretamente para a guerra quando se viram diante de uma ameaça existencial direta. A eles mesmos (União Soviética), a seu império (Reino Unido) ou a sua área de influência no Pacífico (Estados Unidos).

    Que futuro o PT oferece ao “centro” para este fechar as portas definitivamente a Bolsonaro? E que garantias a esquerda raiz tem de vida mais fácil num governo da “terceira via”?

    Dizer “vamos tirar o Bolsonaro e só depois eu corto teu pescoço” não chega a ser uma sedução irresistível.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.