Nosso enviado especial a Londres abre a cobertura dos Jogos Olímpicos com mais um texto que merece medalha de ouro. (AN)
CELSO ARNALDO ARAÚJO
Dois dias antes da abertura oficial dos Jogos, Dilma já brilhava – favoritíssima – em sua versão particular das Olimpíadas. Ontem, no London Film Museum, participou da primeira prova – o Lançamento de Campanha, modalidade em que os petistas são atletas imbatíveis. Essa, no caso, tem como mote a “Promoção Turística do Brasil no Exterior”, mais conhecida como PT do BE.
Em 2:21, incluindo o alongamento na descida da escada do Aerolula e os push-ups na língua para os “how do you dos” da fila dos cumprimentos no aeroporto de Heathrow, a SuperDilma bateria a marca olímpica, desde 776 a.C, de Nada Sincronizado, o que não constitui surpresa: há mais de dois anos, com afinco e disciplina, ela se prepara para estabelecer recordes sucessivos na modalidade, ao não dizer coisa com coisa e vice-versa, de trás para frente.
A vitória iminente não lhe subiu à cabeça, a exemplo dos neurônios. Logo na largada, fez homenagem a outra superatleta, Hortência Marcari, presente na arquibancada:
“Eu queria dizê que, em uma homenagem às Olimpíadas”, deu a largada, calando aqueles que temiam que ela homenageasse a Copa de 2014, “esse evento foi apresentado por uma das maiores jogadoras de basquete brasileiro de todos os tempos, a Hortência”, lembrando aos ingleses que só nós praticamos o basquete brasileiro.
“Pra nós, é um orgulho trazê aqui uma pessoa com a qualidade esportista da Hortência”.
Em cem anos, centenas de livros terão sido escritos sobre Hortência — mas nenhum conseguirá definir seu talento com a precisão desta cesta de trinta pontos:
– A qualidade esportista da Hortência.
Olímpica conhecedora do esporte brasileiro, Dilma então define, com muita felicidade, nossa vocação nos campos e quadras:
“O Brasil é um campeão dos jogos coletivos. A Hortência faz parte desse orgulho que nós temos, dessa trajetória do futebol, no basquete, no vôlei, no handebol”, diz a presidente do país que nunca foi campeão olímpico de futebol, basquete e handebol.
Uma legítima campeã olímpica tem o direito de jogar para a galera e até de avançar no tempo – e sem doping:
“Saudamos essas Olimpíadas que são, sem dúvida nenhuma, a melhor Olimpíada realizada até agora”, diz Dilma, talvez deixando escapar o que decorou para dizer lá pelo dia 5 de agosto.
Não. Ela explica, sem perder o prumo:
“Nós no mundo temos de fazer sempre, a última Olimpíada tem de ser sempre a melhor Olimpíada de todos os tempos. Eu tenho certeza que aqui em Londres nós vamos vivê esse espetáculo”.
Sim, um espetáculo. Como o convite irresistível de Dilma aos ingleses, dentro do espírito olímpico:
“Todos vocês serão muito bem recebidos. E de fato, venham se encontrar no Rio de Janeiro, também venham se encontrar conosco”.
As Olimpíadas 2016 serão, portanto, os Jogos da Amizade. Ela marcha célere para o recorde:
“E vamos todos, como disse aqui tanto o ministro Gastão…
Um momento: ministro Gastão? Seria uma espécie de heterônimo ou de apelido válido para todos os ministros envolvidos com os preparativos da Copa 2014 e da Rio 2016? Não, espere. Seria o Gastão que substituiu Pedrinho Novaes no Ministério do Turismo no ano passado? Por onde andou esses meses todos? O que fez? O que deixou de fazer? Quem ouviu falar dele, mesmo remotamente, desde que se tornou ministro do Turismo e antes de ser visto e citado em Londres? Eis aí um recorde mundial de inação. Olímpico, quem sabe.
Bem, Gastão, antes da prova, parece ter dito algo como “celebrar a vida”. Dilma agarra o bastão e vai em frente, perto da linha de chegada:
“Porque na verdade uma das grandes celebrações da vida é o esporte”, arrisca ela, sem muita convicção. Mas a vitória já estava assegurada. Dilma já “celebrava a vida”, o que quer que seja isso.
Hoje, já com a medalha de ouro ao peito, Dilma bateria outro recorde – noticiado agora há pouco pelo Blog do Planalto, mas ainda sem o vídeo correspondente. Após as vitórias do Brasil no futebol feminino e masculino, chutou de primeira:
“Estamos aqui torcendo para que essa Olimpíada que vai começar, que já começou, que nós, aliás, começamos com o pé direito, muito bem começado, e estamos agora, inclusive, continuando esse começo de vitória.
Os Jogos de Londres já começaram muito bem começados para o Brasil com o recorde de Dilma.
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