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Edison Brandão: “O Brasil é um país onde se mata muito e se prende pouco”

Desembargador do TJ-SP contesta estudos e estatísticas que colocam o Brasil em 3° lugar no ranking planetário da população carcerária

Por Branca Nunes 8 abr 2019, 17h24

Os números oficiais afirmam que a população carcerária brasileira é a terceira em tamanho do planeta, superada apenas pelos prisioneiros contabilizados nos Estados Unidos e na China. O desembargador Edison Brandão, do Tribunal de Justiça de São Paulo, entretanto, garante que tal posição é fruto de critérios equivocados, que resultam em estatísticas sem valia. Segundo Brandão, o Brasil ocupa nesse ranking a 100ª posição.

Para o desembargador, o pecado original é somar presos em regime aberto e semiaberto aos que cumprem pena em regime fechado (atualmente são 319 mil pessoas). Outro problema está em não levar em consideração o número de presos para cada 100 mil habitantes.

“Compara-se muito o Brasil com a Rússia, porque no ano passado causou comoção a divulgação de que passamos aquele país em número absoluto de presos”, observou Brandão na entrevista ao programa Perguntar Não Ofende, da rádio Jovem Pan. “Isso é uma bobagem. A Rússia tem 140 milhões de habitantes e cerca de 7 mil assassinatos por ano, enquanto nós temos mais de 200 milhões de habitantes e matamos, só em 2017, 64 mil pessoas. Nós somos muito mais violentos e, se considerarmos apenas o regime fechado, temos metade dos presos da Rússia”.

Brandão ressalta que o Brasil é hoje o país que mais mata no mundo. Quando questionado sobre o que resolveria o problema da segurança pública, o desembargador não tem dúvida: “Cumprir a legislação é fundamental”, afirma. “Cometeu um crime grave? Vai preso em regime fechado. Não tem prisão? Construa-se. Sem isso vamos continuar vivendo esse banho de sangue. Aqui se mata muito e se prende muito pouco”.

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