Guilherme Fiúza (publicado na Forbes)
Conversa contemporânea:
─ Você é o que?
─ Liberal.
─ E você?
─ Democrata.
─ Ufa! Nenhum fascista na conversa.
─ Ninguém merece.
─ Qual é a sua bandeira?
─ Sou pragmático: reforma da Previdência. Senão, o país quebra.
─ Tá certíssimo. O problema é esse governo.
─ Pois é. Nem sei como o Paulo Guedes foi parar lá.
─ É, o cara é bom. E levou uma equipe de primeira linha.
─ Aliás, apresentaram um projeto tecnicamente excelente.
─ Verdade. O problema é o governo.
─ É, o problema é o governo.
─ Nem dá pra entender como o Moro foi parar lá. Um cara com a história dele…
─ E já entrou a mil por hora, combatendo o crime em várias frentes. Será que ele pensa que tá na Lava Jato?
─ Sei lá. Estão dizendo aí que as invasões de terra caíram quase a zero neste ano. Será que finalmente deram uma trava na fanfarra do MST?
─ Tomara. E os parasitas do sindicalismo também estão tendo vida dura.
─ Agora você foi no ponto: o parasitismo do empreendimento. Muito boa essa MP da Liberdade Econômica. Finalmente, atacamos o custo Brasil de frente.
─ Exato. E o projeto de reforma tributária também tá vindo aí.
─ Tributária, não. Administrativa.
─ As duas.
─ Ah, tá. Pô, os caras tão correndo mesmo, hein?
─ É, abriram o setor aéreo e já fizeram concessões privadas nos portos e nas estradas. Vai entrar grana aí.
─ Com certeza. O problema é o governo.
─ É, o problema é o governo.
─ Mudando de assunto: o que você acha que vai acontecer com a Venezuela?
─ Pergunta difícil. Bom, pelo menos o Brasil parou de apoiar aquela ditadura enrustida.
─ Isso é. Só com o que a gente perdeu de grana enfiada nesses regimes autoritários da América do Sul e da África dava pra botar hospital no Brasil inteiro.
─ Esse derrame acabou.
─ Fora o absurdo que era você se dizer um país democrático e ficar financiando ditadores fantasiados de progressistas.
─ Vexame mesmo. Felizmente aqui a liberdade tá mais que garantida, todo mundo fala o que der na telha, numa boa.
─ Exatamente. O problema é o fascismo.
─ Qual fascismo?
─ Desse governo aí.
─ Ah, é. Que horror.
─ Que nojo.
─ Autoritário.
─ Inoperante.
─ Obscuro.
─ Nem sei como Paulo Guedes, Sergio Moro e toda aquela equipe qualificada estão tocando uma agenda tão intensa em tão pouco tempo.
─ E com tanta liberdade.
─ Esse governo fascista não consegue nem implantar um fascismo decente.
─ Aí você disse tudo.
─ Obrigado.
─ De nada.
─ Muito bom conversar com um democrata.
─ Muito bom conversar com um liberal.
─ Somos inteligentes.
─ Concordo. E civilizados.
─ E belos.
─ E formidáveis.
─ Coisa fofa.
─ Utchigutchigutchi.