Não chorei a queda do meu Palmeiras
Amigos insistem em perguntar-me o que achei do rebaixamento do meu Palmeiras para a série B do campeonato brasileiro de futebol. Achei tão previsível quanto a mudança das estações. Entre todos os grandes clubes do Brasil, o Palmeiras tem a pior diretoria, a oposição mais insensata, o pior grupo de jogadores e a mais selvagem […]
Amigos insistem em perguntar-me o que achei do rebaixamento do meu Palmeiras para a série B do campeonato brasileiro de futebol. Achei tão previsível quanto a mudança das estações. Entre todos os grandes clubes do Brasil, o Palmeiras tem a pior diretoria, a oposição mais insensata, o pior grupo de jogadores e a mais selvagem torcida organizada.
Os cartolas não investem nas categorias de base nem no elenco principal, que não tem um único craque. Há dois ou três bons jogadores, outros tantos que ao menos se esforçam e o resto. Nenhum técnico do mundo salvaria uma coisa dessas do naufrágio. Nem um Pep Guardiola.
Quando torcedores normais não sabem de cor a escalação da equipe titular (e os palmeirenses não conseguem declamar os 11 nomes há muito tempo), não existe um time. Se não existe um time, não há por que vibrar com vitórias ou sofrer com derrotas. Terminado o jogo contra o Flamengo, não vi no rosto dos derrotados nenhuma lágrima sincera. Eles não choram por nós. E nunca chorei por quem é incapaz de chorar pela camisa que veste.
Ao acompanhar os 90 minutos que precederam a queda, descobri que, para mim, o Palmeiras é hoje um interminável desfile de heróis na memória. É um álbum colossal de figurinhas na gaveta.