O País do Futebol aplaude um campeão de popularidade até no meio do Hino Nacional ou da reza no velório. O presidente Lula repete de meia em meia hora que nunca antes neste país houve um governante tão popular quanto ele. Vive falando em futebol, garante que foi um excelente meia-direita e é corintiano de brigar em arquibancada. Neste domingo, se vencer o Goiás, o Corinthians pode até conquistar o Campeonato Brasileiro ─ basta que o Fluminense tropece na partida contra o Guarani. Mesmo que perca, o Timão será tratado com carinho pela única torcida do mundo que caiu para a segunda divisão cantando seu amor ao clube.
Tudo somado, Lula não pode perder a chance de saborear na tribuna de honra do estádio Serra Dourada, em Goiânia, a reafirmação da popularidade incomparável.
Durante a campanha eleitoral, o palanqueiro incurável fez o que pôde e o que é proibido para impedir que o inimigo Marconi Perillo, candidato do PSDB, voltasse ao governo de Goiás. Não conseguiu por falta de tempo, alega. Como não pôde aparecer por lá com a frequência desejada, explicou, milhões de devotos do presidente não ficaram sabendo que queria Iris Rezende no governo e Dilma na Presidência. Num mano a mano entre ele e Perillo, disse depois da eleição, o adversário saberia o que é desafiar um cracaço das urnas.
Tudo somado, Lula não pode perder a chance de saborear no Serra Dourada a ovação que, já consagradora em si, reduziria Marconi Perillo a um silêncio de carmelita descalça.
Nos últimos três anos, foram realizados mais de 1.100 jogos entre os times que participam do Brasileirão. O presidente não viu nenhum de corpo presente. A rodada deste domingo será a última do campeonato de 2010 ─ e a última da Era Lula. É a chance de despedir-se em público da gerência do País do Futebol em grande estilo. É mais um dos incontáveis motivos para ver o jogo no Serra Dourada.
Tudo somado, um único motivo o aconselha a ficar em casa: a lembrança da vaia que o fez desistir da discurseira que abriria, no Maracanã, os Jogos Panamericanos do Rio. Desde aquele 13 de julho de 2007, Lula não dá as caras em estádio nenhum. A oposição real acha que, aos olhos do vaiado, todos ficaram com cara de Maracanã. Neste domingo, Lula poderá, simultaneamente, livrar-se do trauma, desmoralizar os fracassomaníacos, confirmar os recordes estabelecidos em pesquisas, humilhar Marconi Perillo e, quem sabe, comemorar mais uma conquista do Corinthians.
Vá ao jogo, presidente. Coragem.