A histórica derrota do PT nas urnas de outubro exorcizou a assombração bolivariana: Lula e seus comparsas foram obrigados a arquivar o sonho de transformar o Brasil numa Venezuela tamanho família e com legendas em mau português. Falta agora enfrentar o pesadelo que ameaça deixar o país parecido com a Colômbia do último quarto do século 20.
Nos anos 80 e 90, a Nação colombiana teve de enfrentar, simultananeamente, os cartéis do narcotráfico e as tropas narcoterroristas das FARC. O Brasil já não pode adiar o desencadeamento da inevitável ofensiva contra o crime organizado, cuja face mais torpe é escancarada pelo PCC e pelo Comando Vermelho. Os chefões desses bandos dominam morros, periferias, cadeias, fronteiras. Não demorarão a expandir-se até alcançar o espaço que lhes permita atacar o coração do poder.
Foi o que fizeram os comandantes dos cartéis e das FARC até que o governo colombiano mobilizou as Forças Armadas e os organismos policiais para o vigoroso contra-ataque apoiado pelos Estados Unidos. Foi longa e sangrenta a ressurreição do Estado Democrático de Direito.
Até que o governo vencesse, os inimigos sequestraram, torturaram ou mataram parlamentares, empresários, ministros de Estado, candidatos à Presidência da República, oficiais do Exército — ninguém pôde sentir-se seguro por anos a fio. No Brasil, os pastores da violência não chegaram a tanto. Ainda. Falta pouco.
Foi especialmente alentador constatar que Sergio Moro redesenhou o Ministério da Justiça para livrar o Brasil dos horrores que martirizaram a nação vizinha. Sem interromper o combate à corrupção, Sergio Moro está pronto para mostrar aos narcotraficantes que a lei da selva foi revogada pelo novo governo.
Que seja esse o grande legado do novo ministro da Justiça.