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Augusto Nunes

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Os sinos dobram por nós

Neto de uma italiana como eu, o escritor Deonísio da Silva resumiu num comentário o que sentiu quando confrontado com o desfecho absurdo do caso Battisti, decidido por seis ministros do Supremo Tribunal Federal. O texto merece ser reproduzido no Direto ao Ponto por traduzir a vergonha coletiva dos descendentes de imigrantes que não perderam […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 11h39 - Publicado em 12 jun 2011, 20h52

Neto de uma italiana como eu, o escritor Deonísio da Silva resumiu num comentário o que sentiu quando confrontado com o desfecho absurdo do caso Battisti, decidido por seis ministros do Supremo Tribunal Federal. O texto merece ser reproduzido no Direto ao Ponto por traduzir a vergonha coletiva dos descendentes de imigrantes que não perderam o juízo. Volto em seguida. (AN)

Como você, que é da Silva também, os sobrenomes italianos não aparecem em nossos nomes, mas que vergonha este neto de imigrantes italianos sente pelo que o Brasil acaba de fazer com o país de seus ancestrais! Tanta coisa bonita e boa a Itália nos trouxe e nos dá, e nós impedimos que aquela nação julgue um criminoso! Essa agora! Vamos parar, como nação, na corte de Haia, a mais alta do mundo, com um país que se transformou em cafofo de criminosos! Que diferença entre os juízes supremos que permitiram que o Brasil se tornasse valhacouto de bandidos e entre aquele juiz italiano, o Giovanni Falcone, cujo assassinato (23/5/93) é lembrado todos os anos, que morreu por combater o bom combate, derrotar a máfia e cumprir as leis!

Os sinos das igrejas italianas tocam todos os anos às 19h05, hora da morte dele, depois da explosão de 500 kg de dinamite às 17h56. Um trecho inteiro da estrada voou pelos ares. E dois meses depois era assassinado também o seu colega, o também juiz Paolo Borsellino. O assassino e terrorista Cesare Battisti, além dos crimes comprovados, também tentou matar um juiz italiano chamado L.de Liguor. Eu estou simplesmente aparvalhado com a decisão do governo brasileiro e, mais ainda, com a omissão do STF.

É isso. Na Itália, os sinos dobram por um juiz que morreu enfrentando os battistis. No Brasil que presta, habitado por milhões de descendentes de imigrantes, desde a libertação do assassino os sinos dobram por nós.

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