Conheci William Waack há quase 50 anos, quando nossos caminhos cruzaram na Escola de Comunicações e Artes da USP. Trabalhamos juntos nas redações de VEJA, do Jornal do Brasil e do Estadão. Convivemos sempre em fraterna harmonia. Orgulho-me da amizade inabalável que me une a um homem exemplarmente íntegro, um parceiro extraordinariamente leal, um profissional que pode ser apresentado como modelo a todo jornalista iniciante.
Repórter visceral, excepcionalmente talentoso, William tornou-se o melhor correspondente de guerra do mundo. Exagero? Confiram a cobertura que fez da queda do Muro de Berlim, da insurreição popular que derrubou a ditadura de Ceasescu na Romênia ou da primeira Guerra do Golfo. Os textos que assinou em jornais e revistas lhe garantem uma vaga perpétua no ranking dos grandes nomes da imprensa. Os livros que publicou reescreveram a História.
Nestes tempos escuros impostos aos trêfegos trópicos pelos governos de Lula, do poste que fabricou e do vice que o dono do PT escolheu, William tem sido um dos pouquíssimos jornalistas de televisão irretocavelmente altivos. Manteve a independência, a autonomia intelectual, o respeito à ética, a paixão pela verdade. Sempre viu as coisas como as coisas são. Sempre contou o caso como o caso foi.
Agir assim em países primitivos é perigoso. E no Brasil, como ensinou Tom Jobim, fazer sucesso é ofensa pessoal. Era previsível que, por duas ou três frases ditas fora do ar, virasse alvo do exército dos abjetos. As milícias a serviço do politicamente correto, os patrulheiros esquerdopatas, os perdedores congênitos, os cretinos fundamentais e os idiotas de modo geral — esses não perderiam a chance de atacá-lo.
Vão todos quebrar a cara. Primeiro, porque afirmar que meu velho amigo é racista faz tanto sentido quanto acreditar que Lula é inocente. Depois, porque incontáveis brasileiros sabem que o país seria muito melhor se houvesse mais gente provida das virtudes que sobram em William Waack.