MOSCOU – O escritor russo Anton Tchekhov definiu a ilha de Sakhalin como o inferno gelado (“…em redor o mar, no meio o inferno…”), na obra a A Ilha de Sacalina, da editora portuguesa Relógio D’Água. Tchekhov viajou em 1890 por quase três meses com destino ao extremo oriente da Rússia além da Sibéria – um ”lugar maldito do Império do Czar” – para estudar a vida dos condenados a trabalhos forçados.
Mas, 128 depois, a ex-colônia penal produz um dos itens mais procurados por quem passa pela Rússia – o caviar. A iguaria é cara, precisa ser armazenada de forma correta e exige acompanhamentos que não são para todos os gostos e/ou bolsos. Em Moscou, a rede de lojas Sakhalin Ryba tem boas alternativas aos caríssimos potes de ovas de esturjão-beluga selvagens do Mar Cáspio.
As ovas da ilha Sakhalin, a mais de 8.000 km de Moscou e a pouco menos de 2.000 km de Tóquio (Japão), custam nas mesas refrigeradas das lojas na faixa de 2.500 rublos (150 reais) o pote de 50 gramas do esturjão do tipo black. A mesma quantidade de beluga está a partir de 8.000 rublos (500 reais).
Para acompanhar, a indicação é de champanhe – item que só pode ser chamada assim se for produzido da própria região francesa e com determinadas uvas – ou ao estilo russo, com vodca. As ovas podem ser servidas em pequenas torradas ou panquecas, acompanhadas de smetana (creme azedo) ou ainda junto com peixes. Tem sabor suave de peixe, textura macia e delicada acidez. Quanto maiores e mais claras as ovas, mais caras.