O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer favorável a uma ação do PSB que contesta a restrição de doações de sangue por homens gays que tiveram relações no último ano. O caso agora será julgado pelo STF.
O parecer de Janot é um equívoco. Bancos de sangue não devem ser obrigados a aceitar sangue de homossexuais, assim como seguradoras de carros devem ter o direito de cobrar mais por seguros de homens jovens.
Tanto a restrição de doação de sangue quanto o preço maior do seguro se fundamentam no que economistas chamam de discriminação estatística. Seguradoras ou bancos de sangue não têm informações completas sobre clientes ou doadores, por isso usam estatísticas para traçar perfis de comportamento.
Estatisticamente, homens jovens causam mais acidentes com perda total do carro. E homens gays têm mais chances (vinte vezes mais chances) de contrair HIV.
Não que os gays devam ser proibidos de doar sangue. O indivíduo, se não avançar sobre a liberdade dos outros, deveria ter o direito de fazer o que quiser com seu corpo, o que inclui o seu próprio sangue.
Mas pacientes e bancos de sangue também devem ter o direito de criar suas regras. O HIV demora até seis meses para aparecer nos exames de Aids. Além disso, há o custo de coletar, analisar e depois rejeitar amostras contaminadas. A triagem evita prejuízos e contágios causados por falsos negativos.
Esse tipo de discriminação é injusto com os motoristas jovens cuidadosos ou com os gays que se previnem? Sim, mas o preconceito aqui não é contra motoristas jovens ou contra os gays em si. A discriminação é causada apenas pela relação estatística. Tanto que lésbicas, com taxa de incidência de Aids muito menor, podem doar sangue numa boa. Assim como homens gays que não fizeram sexo no último ano.
@lnarloch