Reacinhas da minha timeline vieram reclamar que o colégio Pedro II, o tradicional colégio carioca fundado em 1837, decidiu abolir a distinção do uniforme escolar por gênero e permitir que meninos usem saias na escola.
Não vejo problema na decisão, e mais: torço para que os estudantes aproveitem a liberdade e ajudem a banalizar as saias masculinas.
Saia é uma delícia. Saia é coisa de homem. Ventila e dá espaço às pernas e, bem, a o que há entre elas. Nunca me esqueço que eu e um amigo, só para afirmarmos nossa adolescência, saíamos de kilt por Curitiba. As mulheres adoravam. Nos sentíamos os donos da sinuca da Vicente Machado.
Bermuda para homem também já foi tabu. Só crianças usavam bermudas – homens com pernas de fora tinham um quê de Quico do Chaves. Mas isso passou, e hoje até o Olavo de Carvalho usa bermuda. (Acho eu. Será que o Olavo usa bermuda?)
Já existem saias para homens, bem masculinas até. Agora precisamos de uma vanguarda de rebeldes que façam a saia deixar de ser controversa. Daqui a pouco até o subgerente do banco, até a dupla de jovens mórmons, até o pastor Feliciano usará saias (em público; suspeito que privadamente ele já usa).
Um argumento contra a decisão do colégio é a necessidade dos alunos de seguir regras. A esquerda está obcecada com direitos e se esquece que é preciso ensinar aos jovens a importância da disciplina. Mas a decisão não tornou o colégio uma anarquia. Ele ainda proíbe camisetas, meias, meias e sapatos coloridos, bonés, gorros e boinas, entre muitas outras coisas. Veja só esta regra, ainda válida:
Não serão admitidas calças jeans (mesmo tingidas) e/ou calças rasgadas, sem bainha ou com bainha desliada, desbotadas ou com apliques, adereços, pespontos ou bordados.
Existe um tipo de reacionário que não é nem liberal nem conservador. Não liga para Adam Smith ou Edmund Burke. Só quer contrariar a esquerda, mesmo quando a esquerda toma a decisão corretíssima de liberar saias para homens.
@lnarloch