Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Caçador de Mitos

Por Leandro Narloch Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
Continua após publicidade

Sim, a meritocracia é um mito. Mas o Estado só agrava o problema

É claro que a desigualdade de oportunidade existe. Justamente por isso precisamos de um Estado que pese menos sobre os ombros dos pobres

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 21h56 - Publicado em 6 set 2016, 06h50

Uma juíza do Paraná teve milhares de compartilhamentos no Facebook ao afirmar que chegou aonde chegou não por mérito próprio, mas porque nasceu branca e estudou em escolas particulares. “Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci”, disse Fernanda Orsomarzo num post de semana passada.

É difícil discordar da afirmação central do depoimento da juíza. É evidente que uma pessoa tem mais chances de se formar juiz ou medalhista olímpico se tiver a sorte de nascer numa família de juízes ou atletas. O esforço individual tem seu valor, mas Martine Grael e Kahena Kunze, que ganharam o ouro na vela na Rio 2016, já saíram na frente por serem filhas dos campeões mundiais Torben Grael e Claudio Kunze.

Como na maioria das críticas à meritocracia, o texto da juíza tem um complemento. Se não nascemos em condições iguais, então o Estado precisa corrigir essa injustiça. “O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas”, diz ela.

Aí mora o problema. Uma coisa é perceber a “injustiça cósmica” (como o economista Thomas Sowell chama o fato de alguns nascerem com mais sorte que outros) e tentar atenuá-la; outra é acreditar que o Estado um dia será capaz de garantir igualdade de oportunidades.

É mais correto afirmar o contrário: o Estado aumenta ainda mais a desigualdade ao nascer. A pessoa já nasce mal, numa família miserável, com pais bêbados e negligentes, e nós ainda a obrigamos a frequentar escolas públicas decrépitas e a pagar impostos para financiar burocratas, empreiteiras, aposentadorias especiais e uma Justiça cara e ineficiente. Se o jovem sai da escola e tenta trabalhar, o Estado o proíbe ou exige diplomas e certificações. Se tenta empreender, o Estado manda fiscais para coibir o comércio ilegal.

Continua após a publicidade

Bom saber que uma juíza considera a desigualdade de oportunidade uma barreira alta demais para os pobres. Pois ela pode começar a diminuir essa injustiça fazendo seu trabalho render o máximo possível – abdicando, por exemplo, das férias de 60 dias a que os juízes têm direito. Também pode apoiar soluções bem distantes da burocracia tradicional. É o que fazem dezenas de ONGs que oferecem bolsas de estudo em escolas particulares.

O Estado, como dizia Milton Friedman, é só uma instituição, um edifício: não é responsável por ninguém. Só pessoas podem cuidar de outras pessoas.

@lnarloch

Leia também: A meritocracia em defesa dos pobres

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.