Mais de um ano atrás, o presidente Jair Bolsonaro mobilizou grande parte do seu governo com um objetivo principal: mesmo com uma pandemia em curso, era preciso criar as condições para sua reeleição. Ele transformou as emendas parlamentares na sua maior ferramenta de fidelização da base e deu novo fôlego a ministérios capazes de tocar obras pelo país afora. Mais importante, Bolsonaro tomou para si o programa Bolsa Família, pegou embalo no sucesso do Auxílio Emergencial pago durante a pandemia e criou o Auxílio Brasil de R$ 400.
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No ano passado, a coluna relatou em detalhes os bastidores da criação do novo programa social. E mostrou como o governo enxergava no Bolsa Família repaginado sua maior arma para fazer frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, alguns meses atrás, a turma presidencial arrancava os cabelos de preocupação. As pesquisas de opinião pareciam não refletir a concessão do novo benefício. Essa turma respirou aliviada ontem, com a divulgação da última pesquisa PoderData.
No cenário de primeiro turno, Lula segue na liderança com os mesmos 40% de intenção de voto do último levantamento, feito entre os dias 13 e 15 de fevereiro. Bolsonaro oscilou um ponto para cima, dentro da margem de erro, de 31% para 32%. Até aí, nada relevante a ser dito. Até porque o cenário não é comparável, já que o instituto decidiu mudar o quadro de candidaturas. Retirou Alessandro Vieira (Cidadania) e Rodrigo Pacheco (PSD), e incluiu Eduardo Leite, hoje no PSDB, mas tido como possível candidato do PSD.
O respiro para o governo veio na simulação de segundo turno. Esta, sim, mostra que Bolsonaro vem se recuperando progressivamente quando a rivalidade com o petista está mantida. Lula ainda leva a melhor, com 51% contra 37%. São 14 pontos de diferença. A questão é que esse intervalo já foi maior. No início de setembro do ano passado, a diferença chegou a 25 pontos: 55% para Lula e 30% para Bolsonaro.
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A pesquisa indica que a combinação entre o poder da máquina e a dificuldade de uma terceira via de despontar pode beneficiar Bolsonaro, na medida em que o eleitor se distancia dos momentos mais dramáticos da pandemia. A perspectiva de uma melhoria na Economia e os efeitos do pacote de bondades governista parecem levar parte do eleitorado a olhar novamente para o governo.
A nova pesquisa é mais um motivo para que tanto Lula quanto Bolsonaro briguem para que persista o cenário de polarização. O quadro de candidaturas ainda é incerto. E, embora pouca gente acredite muito que a tal da terceira via tenha condições de se unir, qualquer movimento nesse sentido pode significar algo que não interessa a nenhum dos dois lados: uma novidade.
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