Tendo de um lado o púlpito vazio do favorito nas pesquisas e duas cadeiras para o outro um presidente que se esforçava para não perder a linha, Simone Tebet acabou dominando o palco no debate realizado na noite de ontem, pelo pool de veículos formado por VEJA, SBT, CNN Brasil, Terra, NovaBrasil e Estadão/Eldorado. Nos estúdios do SBT, logo após o confronto, esta era a avaliação que mais se ouvia nos corredores.
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Até algumas campanhas adversárias admitiram que Tebet fez bonito. Não se encolheu diante dos ataques e conseguiu manter uma discussão de alto nível até mesmo com quem distribuía frases ao vento, prestando-se ao papel rasteiro de linha auxiliar de outro candidato. A candidata saiu dali sorridente, distribuindo abraços pelo lounge montado para receber os convidados. E ouvindo elogios.
A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva favoreceu a emedebista. Com a cadeira do petista vazia, ficou claro, na medida em que o debate avançava, que nem mesmo Jair Bolsonaro estava afim de brigar com o nada. A campanha do presidente até chegou a cogitar fazer perguntas para o púlpito, mas não levou a ideia adiante.
Como bem colocou o colunista de VEJA, Matheus Leitão, em edição especial de Os Três Poderes após o debate, Bolsonaro parecia ter se esquecido de Lula. Sem essa polarização entre os dois favoritos, Tebet ganhou protagonismo. E mostrou-se digna do desafio.
A senadora teve o reforço de Soraya Thronicke, que, com uma estratégia diferente, também teve seu mérito em ganhar projeção no debate. A candidata do MDB apostou no discurso forte e incisivo. Já Thronicke foi hábil em arrancar risos da plateia e também das redes sociais. Foi preparada para isso e entregou o combinado. Os estrategistas de sua campanha saíram do debate para lá de satisfeitos com o resultado.
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Bolsonaro perdeu. Não pelos erros que cometeu, mas porque deixou de ganhar quando todas as condições lhe eram favoráveis. Seu maior adversário não estava ali. Mas, em vez de aproveitar o holofote, ele resolveu comprar uma briga com duas candidatas mulheres presentes no debate. E o fez mentindo sobre o voto de ambas em relação ao Orçamento secreto e desrespeitando as regras do debate, ao mostrar papéis para as câmeras. Sem contar o fato de tentar desmerecer quem lhe faz perguntas incômodas, como fez com esta colunista ao ser perguntado sobre violência política.
Mais do que ignorar toda a dificuldade demonstrada por sua campanha em avançar no eleitorado feminino, Bolsonaro acabou ajudando Tebet e Thronicke. Ao ponto de ambas até parecerem maiores que Ciro Gomes, que acertou no tom mais moderado e dosou bem as críticas a um Lula ausente.