A tecnologia já é e – cada vez mais – será a grande parceira da saúde
Oitava edição do relatório Future Health Index 2023 mostra que saúde digital será estratégica para lidar, por exemplo, com escassez de profissionais
Fazer com que a prestação de atendimento de saúde chegue a todos os recantos do Brasil, com pessoal qualificado e tendo os recursos da saúde digital à mão vai exigir gestores de talento, dedicação profunda e recursos em grande escala. É algo para gerações, ultrapassa qualquer esforço individual, e mesmo de instituições especializadas. Serão necessárias parcerias, equipes multidisciplinares e investimentos no que de mais avançado houver em tecnologia. Em grandes linhas, essas são algumas das conclusões a se tirar do relatório Future Health Index (FHI) 2023.
O documento, recentemente divulgado, foi elaborado pela Philips (e está já em sua 8ª edição), com base em entrevistas com líderes e jovens profissionais de saúde em 14 países (o Brasil entre eles).
Para o Brasil, um aspecto que chama atenção é a questão da falta de pessoal. A carência de médicos e a disparidade na distribuição deles pelo país são questões não particularmente novas – o estudo “Demografia Médica no Brasil – 2023” (da AMB – Associação Médica Brasileira) mostra que a região Norte tem 1,45 médico por mil habitantes; o Nordeste, 1,93 por mil habitantes; e a região Sudeste, 3,39; a região Centro-Oeste, 3,10; e o Sul, 2,95.
O que o FHI aponta é que as lideranças em saúde e os jovens profissionais da área no país veem fornecedores de dados como principais parceiros para melhorar o atendimento prestado aos pacientes. No Brasil (53%), mais que na média dos outros países (31%), a disposição para trabalhar com parceiros de áreas de tecnologia de dados é maior. Quase quatro em cada dez (37%) dos entrevistados também vê empresas de tecnologia de saúde como relevantes para lidar com a mão de obra escassa.
O futuro da medicina
Isso mostra que a realidade digital já se sobrepôs à visão de que a tecnologia é “o futuro” da medicina. O futuro, nesse caso, já chegou (há algum tempo, aliás). É essa infraestrutura digital – e os profissionais que a colocam em funcionamento – que ajudarão a tornar cirurgias remotas, exames de imagem, diagnósticos e telemedicina se tornem cada vez mais eficientes. E a tecnologia é vista inclusive como fator de ascensão profissional e de escolha do local onde trabalhar para os brasileiros entrevistados. Melhorar capacidade de diagnosticar e melhorar o desempenho do local de trabalho são as vantagens principais da adoção das ferramentas tecnológicas.
Também será preciso lidar com questões ligadas a financiamento. Segundo o FHI, nos últimos dez anos o financiamento público da saúde se agravou, com um desequilíbrio crescente em relação aos custos. Buscar parceiros para estender o alcance da prestação de cuidados está no radar das lideranças mais jovens em saúde: empresas de tecnologia médica, associações industriais e ONGs e instituições de caridade médicas são apontados como necessários para fazer o atendimento chegar a mais pessoas.
Desde a pandemia de covid-19 que assistimos um avanço acelerado da tecnologia digital para dentro da área da saúde. Não há retorno mais: do ponto a que se chegou, só é possível avançar. Buscar, portanto, o desenvolvimento, a implementação de padrões e a harmonização no ecossistema da saúde é a única forma de seguir prestando o melhor atendimento. Tudo o mais está em plena transição digital – a saúde não tem mais como ficar de fora. O Future Health Index mostra que a nova geração de lideranças e de profissionais já entende isso e está cada vez mais aberta para a inovação e a mudança. Cabe conscientizar todos os envolvidos – dos pacientes até os governos, passando por entidades privadas dos mais diversos portes e especialidades – que a saúde será um esforço conjunto. Os beneficiados seremos todos nós.