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Crônicas de Peso

Por Cid Pitombo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O cirurgião bariátrico e pesquisador na área de obesidade Cid Pitombo reflete, em seus textos, sobre alimentação, movimento, ganho... e perda de peso

A sociedade dos poetas mortos – ou o risco de negar tratamento no SUS

Colunista discute como veto à entrada de novos remédios para perda de peso no SUS impacta a vida de milhões de pessoas com obesidade

Por Cid Pitombo
Atualizado em 26 ago 2025, 11h53 - Publicado em 26 ago 2025, 11h30

Sociedade dos Poetas Mortos, de 1989, é um filme inspirador que talvez transmita uma mensagem particularmente importante a nós, médicos. Ao usarmos a caneta, para escrever ou prescrever, temos que tomar um tremendo cuidado para não ferir os pilares da nossa profissão e do cuidado com o paciente.

Afinal, como mostra o filme, não importam o que dizem a você, palavras e ideias podem mudar o mundo – para o bem ou para o mal.

Assim como na obra o polêmico professor John Keating, interpretado brilhantemente pelo ator Robin Willians cria uma comunidade à parte, nós, médicos, decidimos criar, há muito tempo, “sociedades” para organizar pensamentos e conhecimentos, discutir ideias e desenvolver a ciência.

Criaram-se centenas de grupos, das mais diferentes áreas, mas inúmeras vezes com um objetivo em comum, ao menos na teoria: cuidar de pessoas antes de pensar em ego, interesse próprio e dinheiro.

Apesar da rigidez da escola médica, cientistas ousados e questionadores (como o professor Keating) de vez em quando sobem em suas mesas de laboratório para olharem de cima o que ninguém consegue ver e revolucionam uma prática ou tratamento.

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O filme me veio à mente nesta semana após ler a notícia – trágica, a meu ver – de que o SUS não autorizou a incorporação das novas canetas para o tratamento da obesidade para os usuários da rede pública, alegando o alto custo dos medicamentos e que o sistema já atende aos pacientes com outras terapêuticas, como a cirurgia bariátrica.

Mas aprendemos com o filme: “Na vida há tempo para se arriscar e tempo para se ser cauteloso, e um homem, ou um comitê técnico sensato, deveria saber qual é a altura certa para cada uma destas coisas”.

O acesso universal ao tratamento, como o próprio nome diz, tem que atender a todos, e na forma que a ciência conduz suas orientações. O tratamento cirúrgico para os obesos no SUS sempre foi ineficiente, pois não acontece em todo o país e não atende nem 10% da demanda.

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Quando coordenei as cirurgias no estado do Rio de Janeiro, demorei dez anos para operar 3500 pacientes, menos da metade dos que estavam em fila.

A comprovada eficiência e praticidade das canetas poderia escrever uma história bem mais poética e competente no combate a essa terrível doença e atingir um número expressivamente maior de pacientes, evitando que muitos alonguem as filas dos que necessitam de cirurgia ou outros tratamentos clínicos.

Falar de custos beira o absurdo, pois diversos são os estudos que demonstram a economia futura para o país, pois, ao diminuirmos drasticamente o número de pessoas com obesidade, teremos menos pacientes em máquinas de hemodiálise, com problemas cardiovasculares, câncer, diabetes, problemas ortopédicos, entre outros.

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E a pergunta que fica na sala de aula é: que tratamento temos para oferecer às pessoas de baixa renda com obesidade? Dietas que elas não podem comprar e atividades físicas que elas não têm tempo de fazer? Todos têm o direito de “aproveitar o dia, o momento, tornar a vida extraordinária” (Carpe Diem). Para isso, não se pode estar doente.

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