O que será do Senado sob a gerência de Davi Alcolumbre só o tempo e as circunstâncias poderão dizer. Fato consumado, contudo, é que não só a derrota em si, mas a maneira pela qual Renan Calheiros foi limado do processo sucessório da Casa representa o fim de uma dinastia de caciques que já havia sido em larga escala dizimada pelas urnas.
Ainda que um ou outro siga com mandato a mudança de ares teve o condão de lhes cortar as asas e as cordas vocais. Quem acredita que Calheiros terá garantido espaço de destaque como um grande líder de oposição ao atual governo, se esquece do derretimento de gente como Jader Barbalho que já deu as cartas na República, presidiu o Senado, voltou depois de ter sido obrigado a renunciar e de cumprir um mandato como deputado federal, mas nunca mais teve a mesma influência, hoje é mais um entre os 81 senadores e nada mais.
José Sarney desistiu de tentar renovar o mandato ao se desgastar ao longo de três períodos na Presidência do Senado e Antônio Carlos Magalhães muito antes de ser abatido pela doença já tinha perdido a aura de “malvadeza” que lhe fez a fama. Renan Calheiros era um remanescente desse grupo que, à exceção de mandatos tampões decorrentes de renúncias circunstanciais, se alternou no comando do Senado nas últimas décadas.
O senador até agora considerado imbatível no quesito dominação de apoios internos, foi vítima da própria arrogância que o impediu de perceber a mudança do rumo dos ventos. Achou que poderia renovar e dobrar a aposta. Tombou vítima de uma série de manobras que já havia aplicado quando no poder e que dessa vez foram adotadas contra ele. Subestimou o adversário e, com isso, levou junto o MDB que pela primeira vez em muitos anos está fora do comando do Poder Legislativo, campo essencial para a atuação do partido.