A censura do Partido Comunista de Cuba não autoriza que autores cubanos consagrados no exterior, como Guillermo Cabrera Infante, sejam publicados na ilha. Mas, mesmo autores leais ao regime castrita, como Leonardo Padura, não podem ser encontrados nas prateleiras.
Isso acontece porque, temerosa de que alguns escritores se tornem influentes e se voltem contra o regime, a ditadura só permite que as gráficas imprimam uma única edição. A tiragem raramente passa dos 2000 exemplares.
As livrarias, portanto, são tomadas por pilhas de autores desconhecidos, que não atraem ninguém. Em geral, só chega para a venda as obras que sobraram dos eventos públicos de lançamento, sempre patrocinados por algum órgão governamental. “A lógica aqui é diferente. Só se publicam livros com subsídio estatal, mas os ministérios não coordenam direito com as editoras e com as gráficas, o que gera muitos problemas até o produto chegar ao consumidor”, diz um funcionário de uma livraria em Havana.
Claro. Todo mundo que já foi para Cuba viu que, nas vitrines, é comum ver livros de esquerda. Há obras sobre o argentino Che Guevara, a Revolução Cubana, Fidel Castro e até sobre o Pensamento Econômico de Hugo Chávez. Para esses, a tiragem é ilimitada e os de melhor qualidade são importados. Uma das editoras mais presentes é a Ocean Sur, da Austrália, que imprime no México e na China. Mas os títulos de esquerda só têm apelo entre turistas. Os cubanos não têm interesse neles porque estão fartos de tanto ver esse assunto na escola.
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Quando acumulam algum dinheiro, os cubanos compram livros de santería, a religião afro-cubana muito parecida com a umbanda do Brasil. Eles buscam por assunto, nunca por título ou autor.