“Comer parado”, é assim que os cubanos chamam o hábito de se alimentar de pé, nas ruas. A prática cresceu muito com um decreto governamental de 1995.
Com o fim da União Soviética, em 1991, Cuba deixou de receber ajuda financeira. A fome se abateu porque o governo não tinha como sustentar a população. O mercado paralelo de alimentos proliferou e era um dos mais lucrativos. Com isso, surgiram vários restaurantes pequenos e clandestinos, fora da alçada oficial.
Sem ter como resolver a questão, a ditadura comunista decidiu regularizar a situação. Os cidadãos, assim, foram autorizados a administrar os seus restaurantes.
Contudo, aqueles que quisessem colocar mesas para os clientes deveriam pagar um imposto maior.
A abertura também veio com várias outras regras. Os restaurantes só podiam funcionar na residência dos seus donos e não poderiam ter mais de doze cadeiras. Somente familiares poderiam trabalhar no estabelecimento.
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Para os que vendessem comida sem mesas, tipo delivery, o imposto cobrado pela ditadura era menor. Foi essa, portanto, a saída para a maioria dos pequenos empreendedores. É por isso que muitos cubanos aprenderam a comer de pé.
Com Raúl Castro, que assumiu o regime após o irmão, Fidel Castro, as regras foram retiradas. Mas o hábito permaneceu. São poucos os que fazem questão de se alimentar sentados. Alguns dizem que isso é um gesto de “resistência cultural”.
Outra curiosidade é que o nome desses restaurantes — paladares — vem de uma novela brasileira. No início dos anos 1990, Vale Tudo, da Rede Globo, fez muito sucesso em Cuba.
Na trama, uma personagem interpretada por Regina Duarte começou a vender sanduíches em uma praia do Rio de Janeiro para sair da pobreza.
Como o negócio foi dando certo, ela inaugurou um restaurante chamado Paladar. Os cubanos ficaram deslumbrados com esse exemplo de empreendedorismo e tentaram copiá-lo.